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LORO

Um filme para adultos, tanto pelo erotismo, quanto pela temática, conduzido pelo original diretor Paolo Sorrentino (La Giovinezza, The Young pope…), que conta, como trunfo, com seu ator favorito, o brilhante Toni Servillo (A garota da névoa, Viva la libertá). Ambos já fizeram antes ótimos trabalhos, com destaque para As confissões e principalmente para o premiado A grande beleza. Aqui, em meio a festas e mansões milionárias, música, danças coreográficas, drogas e sexo, pessoas aparentemente bem sucedidas e felizes, com pleno acesso às coisas boas da vida, parecem exuberantes e donas de um sucesso incontestável. Entretanto, a fina ironia e o cinismo do diretor parecem emoldurar os fatos, como crítica social e para mostrar em parte a decadência dos costumes, da juventude e da própria sociedade italiana. E o personagem central ainda é o polêmico e controvertido empresário, político e bilionário Sílvio Berlusconi, milanês que em diversos períodos foi Primeiro Ministro Italiano. Tony está extraordinário no papel do personagem de várias facetas (e o ator faz um segundo papel também, que cabe ao espectador descobrir na hora), revelando-o ambicioso, pitoresco, manipulador, carismático, vaidoso, poderoso e fanfarrão, sendo notável a cena em que ele canta à beira da piscina, sob a atenção de todos os convidados, a música “Malafemmena”. O filme não é tão bom quanto os anteriores citados, mas os toques personalíssimos do diretor mantém vivas e estimulantes as suas marcas de originalidade, além de alguns diálogos bastante afiados e perturbadores, como o do personagem central com uma jovem de 20 anos, que expõe o que pensa da diferença de idades e da aproximação que ele impõe, de modo firme mas delicado definindo a situação como patética e o hálito dele como o de um velho. A fotografia e a trilha sonora também são grandes destaques neste filme que emerge como um cinema moderno, mas que ao mesmo tempo parece homenagear grandes mestres do cinema italiano. Sorrentino já está entre os grandes cineastas da modernidade, pelo fascínio e verdade que consegue transmitir e escancarar. 8,7