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42 – A HISTÓRIA DE UMA LENDA

9fM2yTiCom esse título em português, fica difícil manter segredo sobre o tema do filme. O “42” do título é o número da camisa do personagem, lendário no baseball.  Tanto é assim, que esse foi o único número banido da camisa dos jogadores, que anualmente entram em campo usando todos esse mesmo número, como uma homenagem às conquistas de Jackie Robinson, dentro e fora do campo. Também corajoso na época (década de 40) foi Branch Rickey, executivo do time dos Dodgers, que ousou escalar um negro em época de fervoroso racismo e em que o beisebol era um esporte de brancos. E usando a ideia de uma frase do personagem de Harrison, a síntese do filme poderia ser algo como “depois da existência de Jackie Robinson, o beisebol não pôde mais ignorar o racismo”. O filme, portanto, é baseado em fatos reais: nos créditos finais vemos fotos e  ficamos sabendo sobre o destino dos personagens. Há momentos muito bons e cenas de força tal, que nos deixam incomodados, principalmente por sabermos que infelizmente tal realidade existiu e ainda existe, em vários contextos. Chadwick Boseman (como Jackie Robinson) e Harrison Ford (como Branch Rickey, o executivo) estão ótimos, Harrison, aliás, fazia tempo que não interpretava tão bem.O filme, porém, não me agradou totalmente (e não gostei muito da atuação da esposa de Jackie).  O primeiro problema é que esse tipo de história é recorrente no cinema e alguns clichês me aborrecem um pouco (incluindo a trilha sonora estilo “heroísmo”, “superação”): a direção de Brian Helgeland de lembra demais o estilo do Spielberg dos últimos tempos, típico de manipulação do público. O outro problema é que se trata de beisebol, um esporte que me é estranho (os americanos certamente vão adorar). Mesmo assim, as virtudes do filme superam os defeitos e com certeza vai fazer sucesso.  7,5

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AS COOL AS I AM

as_cool_as_i_am_xlgA princípio dá pra classificar como “filme teen” ou “comédia jovem”. O filme começa e vai indo como muitos do mesmo gênero, parecendo banal…quando, de repente, começa a enveredar por caminhos mais arriscados, tangenciando temas sensíveis…e isso com sensibilidade e competência, graças a uma boa direção e a um excelente elenco, comandado pela jovem atriz Sarah Bolger (irlandesa, 22 anos), pelo amigo de infância Thomas Mann e com Claire Danes, como a mãe (minha ídola de Homeland e, entre outros, de Temple Grandin, onde seu desempenho é fora do comum) – o pai é interpretado por James Marsden e no final tem uma rápida aparição de Peter Fonda. Temas referentes à família, à sexualidade adolescente e a escolhas, têm uma abordagem corajosa, franca (mostrando também o quanto as mulheres são maravilhosas para enfrentar honestamente os desafios). O filme, na verdade uma comédia dramática, trata de situações existenciais profundas e por isso é mais do que uma comédia rotineira. Fala sobre as escolhas e a responsabilidade, inclusive de optar pelas mudanças. Baseado no livro de Pete Fromm (co-autor do roteiro), a direção é de Max Mayer, a produção americana de 2013 e o alto astral e o bom gosto contagiam inclusive o desfecho do filme e os créditos finais, com muita jovialidade e otimismo. 8,0

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O MISTÉRIO DA PASSAGEM DA MORTE (THE DYATLOV PASS INCIDENT)

164150_000_pDrama/thriller, aventura, ficção, em estilo quase-documentário, que lembra em alguns momentos, vagamente, A bruxa de Blair, Porque tem também bastante suspense e a “câmera na mão” ajuda muito a dar o clima. Por falar em clima, o filme se passa em meio à neve e trata de uma expedição de cinco estudantes americanos, na região dos Urais, para investigar o que teria acontecido nos anos 50 com nove esquiadores russos que foram encontrados mortos na neve, em circunstâncias totalmente misteriosas, no local que ficou conhecido como Passagem de Dyatlov (nome de um deles). Pelas referências à guerra fria, acaba sendo bastante curioso  tratar-se de uma produção anglo-russo-americana, dirigida por um finlandês (Renny Harlin, sem currículo muito conhecido). Mas é um filme bem feito, que mantém a atenção e a expectativa e que tem algumas ideias apreciáveis. Com exceção de um ou outro clichê e determinados aspectos e cenas da parte final (pena), gostei bastante, inclusive sendo chamativos a capa e o próprio título do filme. 7,6

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TODAS AS COISAS (DA VIDA) SÃO BELAS

1Fantasia pré-adolescente sonhar com a professora. Muitos a tiveram. Tema recorrente no cinema, com a variante da mulher mais velha. Mas neste filme sueco/dinamarquês de 1995 as coisas não são assim tão simples e vão além. Inclusive dividindo o filme em duas partes, sendo a primeira repleta de erotismo e sensualidade e a segunda inesperadamente dramática, no doloroso aprofundamento da maturidade, na sofrida dicotomia do jovem-adulto enfrentando dilemas para os quais não está necessariamente preparado. O chamado “rito de passagem tem sempre um preço a ser pago, ainda mais quando a voz não está totalmente pronta para emitir seus acordes mais eloquentes. Mas sempre se encontrará um meio de sobrevivência…7,8

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MEUS 533 FILHOS (STARBUCK)

533Esse estilo de comédia é típico americano. Leve, com ritmo, ótimo elenco, algumas piadinhas, mas um fundo moral forte, muitas das chamadas “lições de vida” e instantes dramáticos que comovem facilmente. E principalmente situações bastante insólitas e até inverossímeis (o que se torna normal considerado o gênero). Mas apenas algumas comédias americanas são tão boas, porque este filme, canadense, de 2013, falado em francês, em síntese, está repleto de bons exemplos, acerta no tom, do bom astral, dos elevados valores de humanismo, alegria, fraternidade…Ah, se o mundo fosse sempre assim…Mas para isso é que serve esse tipo de filme, para nos entreter, fazer rir, comover.  Missão totalmente cumprida e a certeza de que todos vão gostar muito. O ator é Patrick Huard, que tem um jeito de interpretar que parece nosso velhoconhecido.  7,8

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MESSLER

rpr_Messner_Movie1Esta é a biografia do fabuloso, destemido e polêmico alpinista italiano (língua materna alemã), que viveu em regiões tirolesas e nas décadas de 60 a 80 escalou os mais perigosos e desafiadores picos do mundo, posteriormente ainda tendo percorrido grandes desertos, inclusive os de gelo, como o Polo Sul, Groenlândia e Polo Norte. Reinhold Messler na verdade foi o primeiro a escalar o Everest sem garrafas de oxigênio e dois anos depois o primeiro a repetir o fato em escalada solo. Além disso, foi o primeiro a escalar todos os 14 picos do mundo com mais de 8.000m e o segundo a escalar os 7 picos mais altos dos sete continentes. O filme (cuja capa é espetacular!) mostra a vida da família de muitos filhos na aldeia, a irmandade, a educação fria do pai e calorosa da mãe, a escalada como uma fuga, mas também como um elemento do qual o personagem não conseguiu mais se separar, fazendo escaladas sozinho e perigosas, quebrando recordes de tempo e em uma frase resumindo sua paixão: “Eu ficava entre a vida e a morte para não morrer”. Mas o personagem se tornou polêmico e algumas de suas histórias são contestadas por membros das expedições de que participou (inclusive a que envolveu o suposto abandono de seu irmão, morto na descida de uma escalada), polêmicas essas não enfrentadas pelo filme, que é estrelado pelo próprio personagem (talvez por isso, a falta do distanciamento crítico). Mas o filme, embora omita fatos inclusive interessantes da vida do mito (por exemplo: consta que em uma das escaladas ele perdeu 6 dedos), apresenta belas imagens de arquivo, de alpinismo, outras dramatizadas, filmagens espetaculares dos picos enfocados e embora não tenha a emoção de um thriller  –  o que seria diferente se fosse uma produção americana -, possui a virtude de nos fazer acreditar no que vamos vendo e de nos fazer apaixonar pela história, pela coragem e pelas conquistas, por todo o contexto de vidas, desafios e sentimentos: o homem, um obstinado em busca da superação, o que faz no presente caso com que, mais do que  praticar um esporte de risco e elevar seu corpo, eleve também sua alma a alturas que poucos conseguiram alcançar. 8,5

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DANÇA COM LOBOS

danaFilme dirigido e interpretado por Kevin Costner  (estreando como diretor) e que já começa com jeito de épico: um roteiro que pretende ser histórico e grandes imagens (direção de arte e fotografia impecáveis), envolvendo a princípio um tenente do exército ianque e os índios sioux, na época da Guerra Civil americana. Mas que vira universal ao abordar o contexto maior: a época das terras vastas e inexploradas, dos grandes rebanhos nas vastas planícies (cavalos, búfalos…) e principalmente o poderio colonialista, a ganância e cobiça pelas terras nos conflitos entre brancos e índios (os chamados pele-vermelhas) e valores humanitários. O filme, de 1990, é classificado como faroeste e tem longa metragem (3 horas, mais ou menos), por isso mesmo nos permitindo digerir aos poucos e profundamente as paisagens, os fatos, as cenas, todo aquele universo que repentinamente poderia ser abalado pela insensibilidade humana: a harmonia da natureza subitamente agredida, em um desperdício sem retorno…Afinal, quem é o povo civilizado??? Muitas cenas marcantes, poéticas e emocionantes, em uma viagem que tanto contempla a vastidão das terras americanas, como o próprio coração humano. E um final tocante, que destaca principalmente a amizade e o destino dos personagens enfocados, além do desperdício sem sentido (referência antes dos créditos finais). Tudo extremamente valorizado e embalado pela trilha sonora do fabuloso John Barry (Em algum lugar do passado, Entre dois amores, Chaplin, Midnight Cowboy e inúmeros filmes do OO7 etc.), que ganhou mais um Grammy pela trilha desse filme. Não gosto muito do Kevin Costner como ator, acho que outro poderia fazer o papel melhor, mas também não acho que ele tenha feito feio e como diretor achei nota 10. Mas, à parte o meu gosto pessoal, ele foi indicado para o Oscar de Melhor Ator, assim como foram indicados para Melhor Ator Coadjuvante Graham Greene (Pássaro Esperneante) e para Melhor Atriz Coadjuvante (como se tivesse Principal…) Mary McDonnell (De pé com punho). Porém, das 12 indicações, o filme – que recebeu o Globo de Ouro de 1991 de Melhor Filme – ganhou 7 Oscar: Melhor filme, Melhor diretor, Melhor fotografia, Melhor montagem (ou Edição), Melhor trilha sonora, Melhores efeitos sonoros e Melhor roteiro adaptado. Não é pouco! 9,0

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OBLIVION

oblivion_ver2_xlgUm filme de 2013, nem sempre fácil de entender, mas que por isso também tem suas qualidades: fazer pensar um pouco. Mas é polêmico e gerou os mais variados comentários, ganhando notas de 0 a 10. O final é ótimo e emocionante e é uma ficção científica de impacto, quer pelo roteiro e pelo imprevisível, quer pela fotografia e os magníficos cenários de uma Terra devastada. Não chega a ser brilhante nem empolgante como poderia, apresenta algumas reticências a mais, o elenco, apesar de Morgan Freeman, não se sobrepõe aos efeitos quanto poderia…mas é um bom filme, produção de respeito e história que merece ser vista e analisada. Tom Cruise não brilha, mas também não estraga e o diretor é Joseph Kosinski, que havia dirigido Tron. 7,6

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COMPULSION

compulsãoUm filme realmente original, diferente, com um humor negro requintado, atuação fora de série de Heather Graham (com a ótima Carrie-Anne Moss e o simpático e interessante Joe Mantegna) e fotografia impecável (arte, iluminação etc.). Essa atriz, aliás, tem um raro momento de mostrar seu talento, protagonizando um filme, o que raras vezes aconteceu em sua carreira, já que anteriormente só aparecia mais pela beleza do que por outra coisa. O título em português estará perfeito se seguir o do original, porque o filme trata de uma ou obsessão culinária…e a partir daí…um drama/thriller canadense –  filmado em Ontário – de 2013, que vale a pena ver (até pelo ineditismo do tema), embora algumas críticas sejam desfavoráveis. 7,6

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ADORE

adoreGeralmente não gosto de filmes com esse tipo de história, cheirando a melodrama. Mas de repente, feito com tanta sensibilidade (mérito de mulher diretora, Anne Fontaine) e com duas atrizes tão boas, acabei me vendo envolvido no enredo e gostando. É um drama franco-australiano de 2013, romance com tensão e certamente alguns desdobramentos inesperados. Baseado em livro de Doris Lessing, passou no Sundance Festival como “Two mothers” e no Brasil parece que o título é “Amor sem pecado”. Se assim for…mais um título bobo… Gostei também da cena final, com a câmera se distanciando dos personagens e deixando uma mensagem – talvez – da amplidão de possibilidades ou deixando dúvidas no ar. É um filme para adultos e embora o elenco todo seja bom, os grandes destaques realmente, a milhas de distância, são Naomi Watts e Robin Wright. 7,7

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A SINGLE SHOT

a single shotUm filme diferente, andamento e ambientação típicos europeus, embora com tríplice produção: Reino Unido, EUA e Canadá, onde foi filmado (2013). Tons realistas, paisagens áridas e algumas selvagens (como parece ser a alma dos personagens), um drama com grande dose de suspense, classificado por alguns como thriller. Grande atuação de Sam Rockwell e com a participação sempre marcante do camaleão William H. Mace. Mas todo o elenco é muito bom, assim como o roteiro (imprevisível até o fim), a direção e a fotografia. O clima permanente de tensão – competentemente acentuada pela trilha sonora – tornam o filme muito interessante, apenas a cena final merecendo talvez alguma discussão. 8,0

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OS ESCOLHIDOS (DARK SKIES)

dark_skies_ver6_xlgEste é um filme cujo gênero já foi bastante explorado, mas neste caso existe um grande mérito: o realismo das interpretações. Os personagens são pessoas normais, reagindo como pessoas normais a fatos bastante estranhos que vão acontecendo. Mas também é mérito esses fatos ocorrerem lentamente, com gradual assimilação tanto por parte dos personagens, quanto dos espectadores. Aliado a isso, um clima de permanente suspense, com trilha sonora compatível e tudo. Desse modo, vamos vendo o filme e ficando intrigados e ligados à trama, sem saber direito para onde estamos sendo conduzidos. Parece algo que lembra Arquivo X, mas será um filme de alienígenas ou o sobrenatural tem outra explicação? Filme americano de 2013, alguns o rotulam como “terror”, outros como “thriller/suspense”.  8,0

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A L´AVEUGLE

a-l-aveugle-affiche-4f1009f3f38cfO cego do título é interpretado por Lambert Wilson e tem papel fundamental neste policial francês de 2012, no qual Jacques Gamblin também faz um personagem interessante, como o policial assolado pela culpa por um acidente no passado (quanto a isso, nada de novo…). Uma história com ótimo ritmo e que embora não seja exatamente original, é bem contada e neste gênero os franceses são professores. Não é excepcional, mas é um filme muito bom, bastante indicado para quem aprecia o gênero.  7,7

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O GRANDE GATSBY

2 O Grande Gatsby - Pôster__1Li críticas ferrenhas contra este filme (2013 – embora também existam opiniões em sentido contrário, bem entusiasmadas), pelo estilo do diretor (e também produtor e roteirista), Baz Luhrmann,  o mesmo de Moulin Rouge. Mas novamente rotulo esses críticos de mal humorados. Ninguém é obrigado a fazer um filme igual ao livro de F. Scott Fitzgerald (que dá vontade de ler e que deve ser maravilhoso, muitíssimo superior a qualquer filme baseado nele) ou melhor que o filme que Robert Redford estreou no passado. Literatura é uma arte, Cinema é outra, totalmente diferente. Os puristas se queixam do estilo do diretor, câmeras ágeis, como, por exemplo, “viajando” de um lado ao outro de uma baía, mudando a cena rapidamente…mas senti que essa modernidade toda só veio a serviço do filme e das emoções, acentuando-as, bem como valorizando o texto. Fazendo com que as cenas, acrescidas da trilha sonora, ficassem intensas e ao mesmo tempo emocionantes. Os recursos cênicos lembram Moulin Rouge, é verdade, assim como muita coisa representa o estilo do diretor, como a narração in off do personagem representado por Tobey Maguire, como a apresentação das festas, o estilo das roupas, da música…Mas  é um estilo e deve ser respeitado, inclusive porque perfeccionista, com apresentação impecável, edição de arte, figurino, fotografia etc. Não vejo nada em Tobey, acho-o um ator com cara de bobo, mais para alívio cômico (embora quando dramatizando melhore…). Mas gostei do restante do elenco, inclusive Leonardo Di Caprio (não há como deixar de lembrar de Orson Welles, de Cidadão Kane…) e Carey Mulligan. E o filme é bem assistível. 7,8

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MÖBIUS

MobiusEste filme é de produção belgo-francesa, de 2013, estrelado por Jean Dujardin (O artista…) e Cécile De France (Um segredo em família, Além da vida, O garoto da bicicleta…) e contando também com Tim Roth (A negociação, A lenda do pianista do mar, série de TV Lie to me…), todos ótimos. O título é o nome do personagem masculino e não tenho nem ideia de como vai se chamar no Brasil (nem ouso imaginar…). É um filme de nível (classe), gênero drama/suspense de espionagem, com agentes duplos, mistério, romance e uma trama bastante instigante, que exige boa atenção. Eu achei um filme bem interessante, extremamente bem realizado e ainda com belas locações (Mônaco etc.), principalmente por ser francês. 8,5

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BYZANTIUM

by-poster.F.MPensando bem, acabei concluindo que se este filme tivesse um diretor mais inspirado (na edição e na execução do roteiro –da própria autora do livro, Moira Buffini) e uma atriz mais talentosa, seria um ótimo filme. Não que não seja interessante, ao contrário. É que é um filme irregular, com ótimos momentos e outros medíocres. Mas no todo é sem dúvidas instigante: acho, porém, que para públicos especiais, já que trata de um filme de vampiros. Entretanto, não é corriqueiro nesse aspecto, principalmente pelo exploração psicológica da angústia pela solidão (e segredo !) da imortalidade e da maldição do sangue. Nesse ponto o filme é ótimo, inclusive pela excelente atuação da jovem atriz (narradora) – mas já com ótimo currículo – Saoirse Ronan (Desejo e reparação, Um olhar do paraíso, Hanna…). A atriz da qual não gostei – e que infelizmente tem um papel vital no drama – é a bonita, esforçada, mas neste caso fraca, Gemma Arterton (Príncipe da Pérsia, João e Maria…). O fato é que é um bom filme, mas poderia ser tudo melhor, até porque o diretor é o competente e respeitado Neil Jordan, de ótimos trabalhos anteriores (A companhia dos lobos, Traídos pelo desejo, Fim de caso, Entrevista com o vampiro…). Produção Reino Unido-EUA-Irlanda de 2013, é classificada por alguns como terror, por outros como drama-fantasia-suspense. 7,5

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O HOMEM DE AÇO

arte_conceitual_Homem_de_A_o_9Acho importantíssimo ressaltar de início que vi este filme, de 2013, em 3D e no Imax, o que dá uma diferença muito grande para quem vê em outros cinemas. Em razão desse fato, achei indescritível o que se vê no início do filme, em Krypton, na época do nascimento de Kar-El, o Superman: as imagens (e os efeitos especiais) nos provocam um deslumbramento tal, que é difícil não ficar de boca aberta o tempo todo…parece que só em sonhos pudemos conceber antes imagens parecidas. E Russell Crowe (carismático como sempre) no papel de pai do herói valoriza as cenas que aprofundam a importância da origem do herói, da própria sobrevivência daquele planeta e principalmente o lado emocional, de pai e mãe, enviando seu filho para um destino desconhecido enquanto todo o lugar ameaça desaparecer. O início do filme, portanto, nos faz pensar que apesar de tanto tempo e tantos filmes sobre o homem de aço, ali estava uma obra definitiva, afinal – e o estreante, Henry Cavill, vai bem no papel de super-homem-galã, além do quê o impacto e a sensibilidade de roteiro/diretor continuam em boa parte do início da vida do herói na terra, com sua família (o pai, Kevin Costner, a mãe Diane Lane – mas achei que ficou muito falsa a aparência de envelhecimento dela) e o grande dilema: tentar manter os poderes sobrenaturais em segredo, mesmo sofrendo bullying…Só que a partir de certo momento alguma coisa acontece e um filme que era ótimo vai enfraquecendo. Vão aparecendo furos, um ou outro probleminha de roteiro, a queridinha (e talentosa) Amy Adams, que faz o papel de Lois Lane tem uma relação com Clark que parece que vai engrenar, mas que acaba sendo é mal construída já a partir da infância de ambos (da qual não se lembram, estranhamente…), apenas havendo alguns lampejos interessantes. E na meia hora final, então, é que o filme comete o seu maior erro, sua grande (e para mim imperdoável) insensatez: o exagero. Há uma sucessão de cenas de destruição, creio que nunca vista em nenhum outro filme. É como se fosse reeditada uma cena daquelas famosas dos westerns, em que os frequentadores destroem um bar, mas em proporção bem maior: aqui, uma cidade é praticamente destruída, sem piedade ou critério artístico. É uma sequência tão grande e absurda, que acaba despertando o desinteresse e desvalorizando o filme, trazendo-o para um nível de média, média baixa, porque nesse ponto os estereótipos já estão dominando e a criatividade fica absolutamente rasteira, havendo algumas cenas simplesmente ridículas (a mãe de Clark  sobrevivendo das cinzas da casa – sem que o filho tivesse se preocupado com ela instantes atrás…-, com o álbum de bebê é uma delas) e estereótipos até mesmo irritantes (o comportamento do exército e dos soldados, do próprio Perry White (Laurence Fishburne). Se no começo, o filme parecia ter a classe de um Batman, por exemplo, no final vira um filmeco de terceira, com olhos apenas no orçamento e em fãs de MMA e videogames. Claro, culpa de Zack Snyder, o diretor e que dirigiu anteriormente 300 e o ótimo Watchmen. Acho que a maioria das pessoas vai gostar muito do filme, mas eu achei uma pena…Mesmo assim, entretanto, a nota vai pela primeira metade e por uma ou outra cena espetacular e/ou de bom gosto. 7,8

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MUD

120x160 Mud OK 25-03Um filme simples, com roteiro nada complexo, mas desenvolvido de um modo extremamente competente e que acaba tocando em temas sensíveis e com invulgar sensibilidade. Muito acima da média e um filme que parece à primeira vista ser juvenil, mas acaba sendo universal, um belo filme para todas as idades. Direção, elenco, clima…um drama com aventuras, mistério, protagonizado basicamente por dois garotos (Tye Sheridan e Jacob Lofland) extremamente talentosos e com a presença competente de Mattew McConaughey, Sam Shepard e Reese Whiterspoon. O andamento lento é adequado ao local, à cultura e aos costumes dos ribeirinhos, pontificando uma trilha sonora estilo country, igualmente equilibrada com todos os elementos do filme. O destaque maior é a atuação dos dois meninos (já virando adultos ou pelo menos sendo obrigados a virar, pelas contingências da própria vida), mas as paisagens, a música, o andamento do filme, também nos conduzem à vida que ali visceja…E vamos acompanhando aquele homem estranho e misterioso, sob os olhos de jovens com alguma vivência provocada, mas ainda com a alma semi-intacta da inocência, e não sabemos para onde vamos ser levados, se o personagem traz uma história verdadeira ou é mais uma das ilusões que se levará como peso ou bagagem, após a dor da decepção…nesse caso, temos contato com a visão individual das coisas e os dilemas aparecem, inclusive morais…Mas paralelamente a esse enfoque há outros dramas acontecendo, em nível familiar, muito bem desenvolvidos também, com um realismo admirável, emoldurado pelo ótimo elenco. Outro destaque do filme, junto com Shepard, é o veterano ator Joe Don Baker (Rebeldia Indomável, de 1967). Detalhe sobre Matthew McConaughey: na crítica do filme Killer Joe (ótimo !) eu já havia observado que esse ator subiu muito na minha apreciação ultimamente: talvez eu é que não o tenha notado antes, mas hoje eu o tenho como realmente um ator excelente, no filme podendo ser definido como ótimo personagem que interpreta (até com dentes tortos e quebrados…), pela frase dita em um momento de vitória: “Às vezes o sol brilha até em c…de cachorro, hein?”. Muito boa! De todo modo, um filme invulgarmente rico, que inclusive contém uma cena muito especial sobre o choque da realidade sobre as ilusões amorosas da adolescência (a cena quando ela diz “você só tem 14 anos” é chocante e bela ao mesmo tempo) – isso significa “crescimento”, o “rito de passagem”…: nesse ponto, nos últimos momentos do filme, a atuação de Ellis é espetacular! A gente sente que as cicatrizes que se materializam, a duras penas, são necessárias e só têm a servir a seus donos…Pra mim, um diretor desses (Jeff Nichols) é que mereceria um Oscar. Primoroso! A cena dos dois no final, na imensidão da paisagem – infinita, abrindo novas possibilidades –  é linda! Em síntese: um filmaço (para quem acompanha o IMDB, o filme tem a média 7,7).  9,0

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MINHA MÃE É UMA PEÇA

Minha maeBaseada em peça teatral de sucesso, mais uma comédia brasileira da nova safra (2013) e com ótima qualidade. Em todos os sentidos. O filme é divertido, hilariante em vários momentos e o elenco está afinadíssimo, o que inclusive é obrigatório diante da riqueza do texto e do ritmo do filme –  e no da própria protagonista, na verdade um ator que brilhantemente faz o principal papel feminino: Paulo Gustavo está soberbo no papel central, de Dona Hermínia, dona de casa, mas principalmente…mãe. Uma comédia de costumes muito bem adaptada (pelo próprio Paulo Gustavo !), muitíssimo bem dirigida por André Pellenz e de resto muito bem interpretada por Rodrigo Pandolfo e Mariana Xavier (os filhos) e Ingrid Guimarães e Herson Capri (o pai), entre outros. Diversão certa, exceto para críticos mal humorados. 7,8

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THE PHANTOM FATHER

PhantomUm interessante drama romeno, com comédia e também clima de mistério, no estilo “personagem em busca das origens” (por isso se passa na Romênia), e que mantém o interesse inclusive por ser diferente, saindo, assim, da rotina “massificada” dos filmes ianques. Aliás, o cinema romeno tem aparecido nos últimos anos e, a exemplo do já conhecido nos demais países da Europa, traz uma história bem contada e que parece mostrar ao espectador a vida de pessoas reais e não de personagens, com destaque principalmente para o carismático ator romeno Marcel Iures, que já participou de dezenas de filmes, americanos inclusive (O pacificador, Entrevista com o vampiro, Missão Impossível…). Leve, e embora não vá muito além de uma boa diversão, diante da safra atual é bastante “assistível”… 7,5