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CHEAP THRILLS

cheap_thrills-poster__largeO título do filme em português seria algo como “experiência emocionante”…Os programas bizarros de TV testam os limites das pessoas em troca de dinheiro: tem gente que come insetos, alguns coisas bem piores…Este é um filme que atinge limites chocantes e inesperados, até mesmo testando os nossos próprios. Somos mesmo todos corruptíveis, embora varie o preço de cada um? Qual o limite? Até que ponto cada um pode chegar? Existe dignidade quando se precisa de dinheiro? Diz o ditado que “a ocasião faz o ladrão”… este filme, de forma original, discute as limitações do ser humano, notadamente diante de dificuldades que colocam em risco sua estrutura e suas necessidades básicas, pincelando com algumas tintas misteriosas a trama que não nos permite adivinhar o final.  Enredo sólido, humor nigérrimo notadamente a partir de certo ponto e nosso desconcerto só não é maior do que o choque pela constatação de que à humanidade também pertencem os atos da mais vil baixeza. O bizarro aqui, a serviço do estudo da natureza humana, mostrando a desumanização do homem diante do que seria o…capitalismo, talvez. A cena do dedo sendo jogado “aos cães” resume a degradação a que se chega pela escravidão do vil metal, quando então o homem não conhece limites…E no final, antes da cena derradeira, nos perguntamos: haverá salvação, afinal? 7,5

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NYMPHOMANIAC VOL. 2

ninphoRealmente era sério o trailer do final do vol. 1: o volume 2 já existia de fato e agora dá o devido fecho ao filme, esclarecendo fatos, aumentando a complexidade de outros e aprofundando mais ainda e de forma mais visceral o estudo dos subterrâneos da sexualidade, com cenas e texto que chocam e atingem em cheio o espectador. Um filme fortíssimo, nada adequado a menores, onde agora aparece de forma mais incisiva o sadomasoquismo, com mais cenas explícitas e temas polêmicos (como a pedofilia, por exemplo) – valorizados pela contundente trilha sonora -, embora outros também inofensivos sejam abordados talvez com pretensões intelectuais (porém de real interesse: matemática, botânica, música)…, nos paralelos que o personagem de Stellan Skarsgard vai construindo à medida em que as histórias vão sendo contadas pela personagem de Charlotte Gainsbourg, recheados de arte, religião…Na juventude, a personagem é interpretada por Stacy Martin e o filme também tem as presenças de Christian Slater, Shia La Beoulf e Willem Dafoe, entre outros. Uma obra que – começando pelos originais, fortes e provocantes cartazes promocionais – realmente confirma a estética do chocante do diretor dinamarquês (Lars Von Triers) e até se torna difícil de ser comentada em poucas palavras. Mas algo é certo: o filme não é de modo algum pornográfico e nos provoca uma série de sensações e reflexões sobre coisas que permanecem geralmente invisíveis à nossa volta. 8,0

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VENUS IN FURS (VÊNUS EM PELES)

venusImpressionante e interessantíssimo esse último filme de Roman Polanski (2013). Absolutamente original, tem apenas dois personagens (interpretados por Emmanuelle Seigner e Mathieu Amalric) e se passa em um restrito ambiente de “ensaio teatral”. Na verdade o filme foi baseado em um livro do mesmo nome, escrito por um americano e baseado em novela do Marquês de Sade. Um duelo. O teatro. A vida. Onde começa um e termina o outro? O texto, o improviso, o infindável poder feminino. O poder e a submissão. Um filme instigante, sem dúvidas sensual e rico o suficiente para abrir muitas discussões em nível filosófico, sociológico etc, de questionamentos da própria arte, de seus limites e importância, comunicando-se com os dramas da existência humana e da natureza do Homem, incluindo suas porções subterrâneas. 8,5

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300 – A ASCENSÃO DO IMPÉRIO

300Embora a tendência seja comparar este filme com o anterior, na verdade…esta é outra história! Embora faça referência ao primeiro filme e retrate acontecimentos da mesma época, envolvendo o mesmo Xerxes (Rodrigo Santoro) e os Persas contra o mundo... Só que desta vez há um destaque especial para as mulheres – notadamente para Arthemísia (a bela e excelente Eva Green) – e para as batalhas navais, que são simplesmente estupendas. Aliás, difícil dar tanta importância a roteiro em filmes desse gênero e com essa tecnologia, que não dão muito campo para a criação, embora tenha havido alguma preocupação (com limites) com aspectos históricos e de personagens. Mas o foco aqui na verdade é a ação, a aventura, a emoção…e nesse particular, se visto o filme em 3-D e no IMAX, impossível fazer qualquer queixa: é tudo um espetáculo épico, de batalhas, de banhos de sangue, de câmera lenta, da violência exaltada pela excelência da técnica e dos efeitos visuais, e também enaltecidos pela extraordinária qualidade do som e da trilha sonora, que intensificam a tensão e a emoção, tornando tudo absolutamente eletrizante (quase sem tempo para comer a pipoca…). Uma verdadeira viagem e que de quebra apresenta, como dito, algum sentido histórico e de relações, envolvendo principalmente o patriotismo e o poder e a dualidade do ódio e da atração,a despeito de o aprofundamento maior ter ocorrido em face da personagem de Eva Green (com apenas regular desempenho do ator que fez o herói Temístocles  -o australiano Sullivan Stapleton – ainda mais se comparado ao Rei Leônidas do filme 300, Gerard Butler). Difícil ficar com os olhos fora da tela e sem sentir a pulsação ser alterada pela magnitude das imagens e do som. Mais um marco da nova tecnologia,  baseado “pra variar”em graphic novel de Frank Miller (The Spirit, Sin City, 300…). 8,5

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PHILOMENA

philomena_movieposter_1385062211Dirigido pelo britânico Sthepen Frears, um filme com várias indicações ao Oscar 2014: Melhor Filme, Roteiro Adaptado, Trilha Sonora Original e Atriz. Judi Dench (a M de OO7). Ela está perfeita, como sempre, e tocante (além de ter doses de fé e inocência, bem medidas), neste filme de procura dramática e que mostra acontecimentos incríveis que ocorreram após a II Guerra, a partir da Irlanda. Uma história emocional e dolorosa, muito bem contada e embalada com total adequação pela trilha sonora e que vai surpreender ao mostrar como a Igreja Católica aterrorizava as “almas pecadoras” nos anos 50. A verdadeira Philomena participou da festa do Oscar.  Águas paradas muito tempo de repente podem se mover, mas certamente uma das maiores dores é a da impossibilidade…8,4

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A UM PASSO DO ESTRELATO (20 FEET FROM THE STARDOM)

20-feet-from-stardom-(2013)-large-pictureTambém por exceção comento rapidamente um documentário, por ser especial. Primeiro, porque ganhou o OSCAR 2014 de Melhor Documentário e arrecadou até agora mais de um milhão de dólares nos EUA. E segundo, porque o prêmio foi justo, embora nessa categoria houvesse outros documentários fortes e talvez um ou outro até mais cotado. É que o tema é diferente e bem merecido: fala sobre os backing vocals, ou seja, aqueles artistas que cantam ou ao lado do principal, seus dramas, suas possibilidades de ascensão profissional (suas escolhas também, nesse sentido) e como são vistos no mundo da música, sendo geralmente desconhecidos do grande público…O documentário faz um resgatye histórico de grandes artistas (e das vocalistas de apoio), principalmente do rock, pop-rock, soul e rhithm and blues, com depoimentos, entre outros, Bruce Springsteen e Stevie Wonder , mostrando o crescimento e a importância desse pessoal “de apoio” e que em muitos casos assumiu um brilho próprio e intenso, como uma ou outra cantora enfocada especialmente e com talento incontestável. 7,8

 

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ONLY LOVERS LEFT ALIVE

Only-Lovers-Print-AdAviso inicial: este é um filme para pessoas que apreciam coisas diferentes, os chamados filmes “de arte”.  O diretor é Jim Jarmursch, um americano nada convencional e que inclusive, por exemplo, não permite que seus filmes sejam dublados (o que é muito interessante, na minha opinião). Os protagonistas são, com igual talento, Tilda Swinton e Tom Hiddleston, mas também participam os excelentes Mia Wasikowska e John Hurt. É um filme sombrio, lento, amargo (o cineasta inclusive não faz questão de mostrar que existe alguém no mundo além dos personagens, muito menos um mundo colorido, jogando na tela as ruínas e a decadência), que fala do tema “vampiros” de uma forma bastante diferente. Para começar, eles são nossos contemporâneos, ele morando em Detroit e ela inicialmente em Tanger…ele é músico, toca guitarra, violino, ela tem um Iphone, ele dirige carro, eles voam de avião, namoram…Todo o clima do filme é estranho e a trilha sonora acentua isso com extrema competência. Prevalece nesses seres míticos, cada vez parecendo mais perdidos, a inevitável solidão e o roteiro se torna também muito interessante ao fazer a conexão dos personagens (seculares) com diversas figuras famosas da vida real, sugerindo, por exemplo, que Shakespeare era medíocre e que seus textos eram de outro… que Shubert teria copiado obras musicais etc.  A rotina humana não é fácil principalmente para os imortais…8,0

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O RELUTANTE FUNDAMENTALISTA

o relutante fundamentalistaThriller de 2012 dirigido por Mira Nair (cineasta indiana, radicada nos EUA), que fala de ideologia, de preconceito, de raízes e de mudanças necessárias, envolvendo o imperialismo americano e seus conflitos, o islamismo do Paquistão especialmente e uma realidade dramática de hostilização de um povo pelos EUA, com suas decorrências e reflexos na vida dos personagens (inclusive sendo fortes os diálogos, quando abordam a visão dos muçulmanos sobre a arrogância dos ianques). O filme escancara o preconceito e principalmente a injustiça, com ótimo elenco e trilha sonora inclusive (além da direção). De mais conhecidos, Kate Hudson e Kiefer Sutherland. 8,0

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DAGLICHT

dalichtUm thriller holandês de 2013, estilo “investigativo”, envolvendo uma advogada, mãe de um menino autista e diversas relações paralelas muito interessantes e que vão sendo desvendadas pouco a pouco, com alguns desfechos supreendentes. Um filme diferente pela própria nacionalidade, mas com qualidade evidente, misto de drama, suspense e mistério estilo “policial”. Algumas cenas realmente marcantes, desde as sutilezas (como o do cubo mágico montado), como a espetacular maneira de mostrar o enigma decifrado, fazem do filme algo bastante acima da média.  O título do filme pode ser traduzido como “luz do dia” para o português (daylight), mas a palavra é bastante rica quando integra inúmeras expressões na língua holandesa, assumindo diversos significados – como “ver a luz do dia”, “nascer”, “colocar alguém sob a luz do dia”, “apresentar alguém sob luz desfavorável”, “cair em descrédito”, “ver alguém sob a luz do dia” (ou da verdade) – , todas impressionantemente relacionadas com a história!8,5

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THE FLYING MAN (curta-metragem)

The Flying ManEste é o primeiro filme de curta metragem que comento (9 minutos). Mas resolvi abrir esta exceção por dois motivos muito especiais. Eu baixei o filme sem saber quase nada a respeito: só vi a nota alta e o comentário de que era um curta que merecia muito ser visto. Assisti ao filme e fiquei realmente surpreso com a qualidade do roteiro, direção, montagem, interpretações e trilha sonora. E os efeitos especiais são poucos, mas não deixam a desejar. Este é o primeiro motivo: um filme de apenas 9 minutos e que vale a pena ser visto. O segundo motivo foi a surpresa que tive quando fui procurar mais detalhes sobre o filme (o que faço depois de ver e de dar a minha nota), ao descobrir que é uma produção brasileira. Sim, um curta-metragem feito por Henry Grazinoli e Marcus Alqueres, nos 15 dias em que estiveram no Canadá. Para se ter uma ideia, dizem que o filme – que faz sucesso na internet – chamou a atenção inclusive da Marvel Comics, que pensa em fazer dele um longa-metragem. 9,0

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GRAND CENTRAL

grand-central-poster.superbannerUm filme…cáustico. Drama envolvendo trabalhadores sem qualificação para melhores empregos, que por esse motivo são obrigados a aceitar trabalho em usina nucleares, sujeitos ao perigo, à insalubridade e ao permanente risco de radiação/contaminação. Em meio à radioatividade, dramas humanos, a necessária solidariedade e paixões (que se tornam o foco principal do filme, produzido em meio ao abalo mundial decorrente do acidente de Fukushima) em um clima realista, muito bem captado pela diretora francesa Rebecca Zlotowski. Produzido em 2013 na França, tem a presença da atriz que ficou famosa com o filme Azul é a cor mais quente, Léa Seydoux e do também ótimo ator de O profeta, Tahar Rahim. 7,5

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THE DEEP (NA GLEBINIE)

The-Deep-2012-posterPara começar, o filme é interessante porque envolve lugar e personagens fora do trivial. Passa-se na Islândia e trata da vida de pescadores, na verdade de um episódico específico e impressionante, que ocorreu realmente (mais um filme baseado em acontecimentos reais) em 1984 e que contar seria estragar a surpresa. Mas a maneira como a história é contada, com bastante suspense e o interesse concentrado nos fatos e inclusive nas consequências deles na vida das pessoas, mantém a expectativa e faz do filme um entretenimento muito bom. O lado da investigação científica também é bastante interessante e espantoso. O filme foi o candidato da Islândia no Oscar 2013. 7,7

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FILTH

filthPara quem gosta de um filme diferente, adulto, anárquico, despudorado, ritmo meio frenético, escrachado, humor e diálogos ácidos. A tradução do título é “trash”, “lixo”. Não é para todos os públicos, certamente, mas no seu escracho é bastante original. E divertido no humor negro que apresenta: por exemplo, a ação se passa na Escócia, mas o filme debocha dos próprios escoceses e dos seus costumes (a produção é do Reino Unido). James McAvoy muito à vontade e com ótimo desempenho no difícil papel do crápula, sádico, impiedoso, viciado e totalmente imoral policial que trama e age sordidamente para tentar superar os colegas na promoção para inspetor e que na parte final do filme tem um desempenho estupendo: do meio para o fim, aliás, o filme dá uma virada e se define como drama forte, violento, assim como desvenda seus mistérios. A trilha sonora é um destaque à parte. O desenhinho dos créditos finais complementa a receita de humor cáustico. 7,8

 

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NEBRASKA

nebraska3Este é realmente um filme muito bom. Daqueles que conta uma história, mostra pessoas e situações reais, aparentemente até simplório, mas que guarda algumas surpresas, principalmente da metade para frente, quando tem seu ponto forte. Justamente porque o andamento é lento (talvez alguns não gostem disso), parecendo despretensioso, mostrando paisagens quase imóveis, a rotina das estradas e das pequenas cidades, embora valorizada pela belíssima fotografia em preto e branco…Vemos belas imagens dos Estados de Montana, Nebraska e de quebra Dakota do Sul em uma visita breve ao Monte Rushmore (onde está esculpido o rosto de quatro presidentes americanos), em uma viagem de fuga da rotina e de busca de encontro – talvez um resgate – entre pai e filho (o ótimo Will Forte) e o passado, de descobertas. A partir de um fato que seria patético não fosse pela doença (e quem já teve na família alguém com Alzheimer vai se identificar) tudo se desenvolve e o roteiro surpreende e envolve, com reflexões sobre a vida, a velhice, os laços afetivos, a natureza humana, a efemeridade das coisas e sua real importância. E até sobre a lucidez. Que bom existir a lucidez quando a insensatez começa a tomar vulto. Algumas situações nos tocam (um simples beijo no rosto…), outras são bem divertidas, tudo por conta da boa história, das ótimas interpretações e do excelente condutor, o diretor Alexander Payne (Sideways, Paris te amo, Os descendentes…), que nasceu em Nebraska. E realmente Bruce Dern se destaca e brilha, no melhor papel de sua carreira e por isso foi indicado ao Oscar de Melhor Ator. E Nebraska concorre também aos Oscar de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original, Melhor Fotografia e Melhor Atriz Coadjuvante (June Squibb). Pelo gênero e pela forte concorrência, acho que como filme não tem chance, mas é uma realização bem acima da média e com sobras de competência e sensibilidade: sob o ponto de vista de mostrar o que realmente importa na vida, o filme é admirável. 8,8

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KILLING KENNEDY

KillingPara a minha geração, John Fitzgerald Kennedy foi um ícone. Tão forte, que até hoje isso permanece e todo filme que aborda a sua morte é mais chocante do que outros que tratam da morte de outras personalidades. Eu lembro como se fosse hoje, da comoção da minha família, da agitação na casa da minha avó, quando minhas tias ouviram o assassinato no rádio e se puseram a gritar e a chorar desesperadas, como se tivesse morrido um parente. Para mim, criança de 5 anos, foi algo realmente marcante. Ele era um ídolo, um Presidente bonito, corajoso, forte, que enfrentava os russos, o mundo, capaz de resolver qualquer problema com seu carisma, com suas múltiplas facetas de homem público e homem de família (aqui, o filme mostra com modesta claridade o lado sombrio do presidente…), casado com a Jackie que influenciou gerações com suas roupas, penteados e comportamento. Por isso e pelo que ele representou para os EUA e para o Ocidente, este filme feito para a TV se torna também importante, como os demais já feitos. Ainda mais, porque aborda a morte do Presidente mais popular dos Estados Unidos e ao mesmo tempo traça um paralelo com a vida e a trajetória do assassino. O filme mostra de um lado a história de John Fitzgerald Kennedy e de outro lado a de Lee H.Oswald, o pelo menos suposto assassino. Produção da National Geographic de 2013, o filme tem no ator Rob Lowe um bom intérprete do Presidente que transformou a história americana e disse a famosa frase: Não pergunte o que o vosso país pode fazer por você e sim o que você pode fazer pelo vosso país !  Nos créditos finais, imagens reais do Presidente Kennedy. Outro ponto positivo do filme: a notável – e proposital – semelhança entre os atores e os personagens reais. E é realmente chocante ver um sujeito insignificante desfilar escoltado e triunfante após ter tirado a vida de um vulto de importância universal. 8,0

 

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THE SPECTACULAR NOW

the espectacular nowNa minha opinião este é um filme absolutamente singular. Fala dos jovens e dos relacionamentos com tanto delicadeza, com tanta e doce intimidade, que só pode ser obra de um grande diretor (James Ponsoldt). O constrangimento dos personagens nos deixa também constrangidos; as emoções deles nos emocionam, nós, cinquentões, voltamos no tempo. O elenco, claro, é fundamental. A intérpete de Aimee é absolutamente comovente em sua fragilidade (Shailene Woodley). O parceiro não fica longe (Miles Teller). Como são frágeis todos, em busca de algo, de um futuro, de um objetivo, de uma conexão, e o filme nos mostra claramente quais são os valores a preservar no rumo da maturidade, umbilicalmente ligados ao passado, às raízes, mas com nenhuma relação com corpo ou rosto bonitos e sim com os valores da alma. E como, na verdade, são simples os caminhos para se encontrar a felicidade e a beleza das coisas verdadeiras, mas, por outro lado, quantos descaminhos um coração  tem que percorrer, quantas amarguras tem de acumular em busca dessa felicidade. Uma pequena joia em meio a diversas produções por atacado. Recebeu no Sundance o prêmio de Melhor Elenco em Filme Dramático.  9,0

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THE BIG BAD WOLVES

Big-Bad-Wolves-poster-EUAO título se refere a humanos e não a lobos, evidentemente. Mentes psicopáticas, pedófilos etc. É um filme forte, realista e embora produção de Israel, com tratamento típico do cinema europeu (ou seja, nem tudo termina como um conto de fadas…o mal em parte também vence) e que só falha quando quebra a seriedade e o suspense com algum tom de comédia de algumas cenas e personagens. Mas isso dura pouco e não me refiro ao humor negro, que é bom. Então, o que predomina é o mistério e o clima de suspense, pois se trata de uma investigação em busca de um assassino de crianças, com um suspeito eleito pela polícia, pela mídia e…por mais alguém, sem que os que assistem ao filme saibam se realmente ele é ou não culpado, até as cenas finais. Muito interessante a psicologia humana envolvida e as cenas que a câmera enfatiza na parte final do filme, mostrando os porões da casa, certamente também fazem alusão ao submundo da mente humana. Thriller feito pela dupla israelense Aharon Keshales e Navot Papushado e, como o cartaz anuncia, foi elogiado inclusive pelo Tarantino. Premiado como melhor filme no Fantasia 2013. 7,7

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SENHORAS E SENHORES, O CORTE FINAL (FINAL CUT)

senhoras-senhores-corte-finalVê-se alguém acordando em uma cena de um filme e em seguida, questão de segundos, aparece outro personagem também levantando pela manhã, mas em outro filme. E mais outro. E outro, em variadas épocas e contextos. O cineasta húngaro György Palfi não fez um filme propriamente, mas uma colagem (montagem) de diversos filmes, de toda a história do Cinema, independentemente de época, de ser a cores ou em p&b, mas surpreendentemente para contar uma história, cuja montagem certamente deu muito trabalho, estrelada na verdade por dezenas e dezenas de astros do cinema de todos os tempos, em recortes de cenas, cujos nomes aparecem na original apresentação (que também reverencia os diretores). Um trabalho de pesquisa, de fôlego, meticuloso, extraordinário, que, na verdade homenageia o próprio Cinema. São cenas rápidas, com variados temas (cenas de beijos, cenas de pessoas tomando um táxi, por exemplo…) conduzidas por uma trilha sonora composta por dezenas de músicas, mas cada uma servindo a diversos filmes com surpreendente coerência e cabimento até o final, onde a música triunfante de Titanic e após Love me tender culminam em um fecho também singular. 8,5

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WALT NOS BASTIDORES DE MARY POPPINS (SAVING MR. BANKS)

Mary PoppinsComeçando pelo único lado negativo: o título em português, talvez o mais ridículo de todos os tempos. De resto, achei tudo maravilhoso. Um filme (comédia/drama) extremamente delicado, na direção (John Lee Hancock – Um sonho possível), nas interpretações, na trilha sonora tocante e feita na medida (e que concorre ao Oscar), repleto de pequenas emoções (e às vezes grandes) e com um belíssimo roteiro. Conta a interessante história que envolveu os estúdios Disney, o filme Mary Poppins e a dificuldade de se obter o aval da escritora quanto aos direitos de filmagem/produção, dilema que durou muitos anos, mesmo com o próprio Walt Disney tendo-se envolvido pessoalmente no projeto. Para contar esses fatos, Emma Thompson está brilhante como a autora do livro e Tom Hanks excelente no papel de Disney, além do talento do restante do homogêneo elenco, composto, entre outros, por Paul Giamatti, Kathy Baker e Colin Farrell. Duas, entre várias cenas, marcantes: ela dançando e ela conversando com Disney. Durante os créditos finais, fotos das cenas reais. 9,0

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NYMPHOMANIAC – VOL 1

ninfomaniaca-poster-nacionalEste é um filme de arte, com cenas de sexo, inclusive pequena parte explícito. Quem não gostar do gênero e/ou do diretor, deve realmente passar longe. Ouvi comentários na saída do Cinema como “foi o pior filme que eu vi na minha vida… nojento”. Talvez grande parte do público também receba assim. Mas eu não me senti dessa maneira, até porque conheço alguma coisa da obra do polêmico diretor dinamarquês Lars Von Triers (Dogville, Anticristo, Melancolia), e nada é “comum“ ou “normal” nos filmes dele, que são estranhos, com um clima meio mórbido, porém sempre despertam curiosidade e sentimentos/sensações interessantes. Os filmes dele são sem dúvida originais, instigantes, ousados e ele sempre mantem determinadas características, como a de surpreender, ser sarcástico, desfilar algum eruditismo e fazer provocações, embora sem dúvidas se perceba claramente que tudo é proposital e que existe uma mensagem e um cuidado muito especial também com a forma. Gostei muito, por exemplo, de Melancolia. Mas ele é tão polêmico, que embora considerando o nome deste filme sugerir ser a primeira parte e haver um trailer ao final (nos créditos) do suposto “Volume 2”, fica a dúvida sobre se realmente haverá uma continuação. No caso, como parte de “ser polêmico”, o filme já começa com a tela do cinema escuro, sem nada acontecer, por diversos segundos…e, ainda, no meio, em uma cena séria e bastante dramática, de repente um susto no espectador, como acontece em filmes de suspense e terror…Mas só por nos obrigar a nos despir de moralismos, ficar atentos e pensar um pouco, esse cineasta já merece destaque pelo cinema inusitado que produz. Recursos cinematográficos, interessantes comparações envolvendo sexo, pescaria, matemática… Aqui, com a atriz que vem apresentando como preferida, Charlotte Gainsbourg, mais a excelente Stacy Martin, Stellan Skarsgard e participação especial de Uma Thurman e Christian Slater. Cenas chocantes, muito originais outras, perturbadoras várias: a cena da Senhora H com os filhos é extremamente incômoda (porque real…). Por fim, embora do cartaz conste a frase: “Esqueça o amor”, extrai-se do filme pensamento/filosofia exatamente em sentido contrário…7,7