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ENEMY

Enemy_cartazUm filme estranho, com ritmo estranho, clima estranho e personagens que agem muitas vezes estranhamente, baseado em obra de José Saramago (O homem duplicado, que é o título em português do filme).  Suspense com drama, premiado em festivais, provoca muitas sensações, inclusive de dúvidas, de angústia, parecendo proposital que os realizadores do filme tenham tentado imprimir sentimentos extraídos do livro, porém sem maiores explicações. Lembra em alguns momentos os filmes de Hitchcock, mas é muito mais hermético (crise de identidade, solidão, confusão existencial???). É uma produção canadense-espanhola de 2013, dirigida pelo diretor canadense Denis Villeneuve (Incêndios, Os suspeitos…).  Jack Gillenhaal estrela, ao lado da ótima Mélanie Laurent (atriz bastante atuante nos últimos anos, em diversos gêneros) e de Sarah Gadon. O filme é perturbador pelo mistério em que nos envolve, com alguma sensualidade, e a cena final é compatível com o cartaz do filme: absolutamente enigmática e de um significado difícil de ser entendido à primeira vista. Quem entendeu a última cena (uma metáfora evidentemente), favor me explicar…Tenho alguns palpites, mas certeza nenhuma sobre o significado… Mesmo assim, é algo que sem dúvidas pelo que mostra, provoca e sugere merece destaque, principalmente para o público dos “filmes de arte”. 7,8

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DOM HEMINGWAY

DOMUm filme diferente, delicioso, produção do Reino Unido, 2013, totalmente inusitado e imprevisível, tom de comédia (humor negro e momentos bastante engraçados, inclusive com as legendas), com drama misturado, um papel inédito e genial na carreira de Jude Law (vários quilos mais gordo). Ele realmente está ótimo no seu exagero e carrega o filme nas costas, interpretando um personagem difícil e cheio de alternâncias e assim a diversão está garantida, principalmente pelo fator surpresa do ótimo roteiro. Também com Richard E. Grant. Restrição: um filme recomendado decididamente para adultos, desde a primeira cena. Por incrível que pareça, o título em português é A RECOMPENSA…”se recuso”, rsrs.  7,8

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OS VINGADORES (THE AVENGERS)

The Avengers 04Não tenho assistido a muitos filmes de super-heróis (aquele do Batman, pra mim, foi o the best). Mas este, americano de 2012, foi tão elogiado pela média de espectadores, que acabei vendo. Ainda mais com aquela nostalgia de ver atuar juntos quatro dos cinco grandes heróis Marvel da minha época de criança: Capitão América, Thor, Hulk e Homem de Ferro (faltou só o Príncipe Submarino, evidentemente fora do contexto) – mais o Gavião Arqueiro e a Viúva Negra. A história é aquela de sempre: uma ameaça à Terra obriga o “chefão” (no caso, Samuel L. Jackson) a chamar reforços, no caso o elenco “top” dos heróis disponíveis. Claro que no início todos resistem e têm de ser convencidos, como faz parte do charme de todos esses heróis. Mas depois que a ação começa e os efeitos visuais e sonoros invadem a tela, tudo é previsível (como não se pode deixar de esperar), mas em compensação a ação é intensa e sem fôlego, emoldurada pelos incríveis efeitos especiais. Cinemão com C maiúsculo para diversão pura, com pipoca e guaraná, mas sem alguns “senões” de outros filmes do gênero que ultimamente apareceram e perderam o rumo: o da pureza e da simplicidade, onde cada um atua de acordo com seus limites e de seus poderes específicos, sem maiores rebuscamentos ou filosofias baratas. Algumas cenas de humor não estragam a festa, apenas dão mais sabor, já que em pitadas homeopáticas. Bela diversão, portanto. O elenco é estelar: Robert Dawney Jr, Chris Evans, Mark Ruffalo, Chris Hemsworth, Jeremy Renner, Tom Hiddelston, Scarlett Johansson, Stellan Skarsgard e Gwyeneth Paltrow.  O director é Joss Whedon, o mesmo de Thor, mundo sombrio e da continuação que sairá em breve.  7,5

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LABOR DAY

Labor dayDrama americano de 2013, com Kate Winslet e Josh Brolin (além do ótimo menino, Gattlin Griffith), de roteiro adaptado. Pode ser que tenha havido uma ou duas falhas de roteiro (mas não são percebidas tão facilmente assim) e pode ser também que haja outros filmes com temática parecida. Mas a maneira como este filme se desenvolve, sua delicadeza, suas sutilezas e principalmente a tensão inesperada em sua parte final, torna-o singular, bem acima da média. Mérito do elenco e também do diretor, Jason Reitman (Juno, Amor sem escalas…), que fez um filme denso (com várias lições de vida), delicado (até mesmo sensual) e honesto na medida certa, sem escorregar para pieguices ou destemperos. Um belo e tocante filme. O título em português, eu “passo”… 8,8

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SOUND OF MY VOICE

sound-of-my-voice-2012Drama americano de 2011, com suspense e misticismo de fundo, toques de filme policial, discutindo algumas questões de vazio e busca (fala sobre seitas, seu poder, a cegueira da obediência, o poder persuasivo, a falta de suporte emocional…) e deixando algo importante no ar em seu final. Um thriller psicológico, pode-se dizer. Mas é bom avisar que é um filme bem diferente, algo estranho, embora de estranheza fascinante…Desde o início causa curiosidade, nos deixa intrigados porque vai desvendando a trama aos poucos e não sabemos bem onde nos situar…a realidade das coisas vai emergindo pouco a pouco da névoa, embora essa névoa não se dissipe inteiramente ao final, podendo nos deixar um belo ponto de interrogação, que poderemos muito bem associar com diversos fatos do cotidiano, nosso ou da própria vida moderna. Em um contexto que de início parece meio frágil, a mensagem acaba sendo de fato perturbadora, sendo talvez esse o maior mérito desse filme, que pode ser facilmente enquadrado no gênero “filme de arte”. Foi indicado ao prêmio de melhor filme no Independent Spirit Awards 2012. Já o diretor Zal Batmanglij (também autor do roteiro) foi indicado ao prêmio de melhor diretor no Phoenix Film Critics Society Awards, no Gotham Awards e no Palm Springs International Film Festival, sendo premiado neste último. O filme  foi indicado ao prêmio de melhor filme no Independent Spirit Awards 2012. 7,7

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PECADOS ÍNTIMOS (LITTLE CHILDREEN)

pecados-intimos-poster02Drama americano de 2007, dirigido por Todd Field (Entre quatro paredes, De olhos bem fechados…), forte e classudo, explorando com inteligência, coragem e profundidade relações sociais suburbanas, mostrando uma realidade pouco explorada de mães e filhos, de casais e as próprias relações da sociedade com alguns de seus chamados “podres”. O título em inglês é perfeito, por mostrar que as crianças continuam habitando os adultos, referindo-se inclusive a atos e suas consequências. Os personagens estão muito bem interpretados e escancarados em sua fragilidade por Kate Winslet, Jennifer Connely, Patrick Wilson, Noah Emmerich e Phyllis Somerville, entre outros, esta último mãe do pedófilo magnificamente interpretado por Jackie Earle Haley, que foi inclusive indicado para concorrer ao Oscar, como o foram Kate Winslet, o filme e o roteiro, também com indicações para o Globo de Ouro. 8,8

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KELEBEGIN RUYASI (THE BUTTERFLY´S DREAM)

The_Butterfly's_Dream

Este filme foi o indicado pela Turquia para concorrer ao Oscar 2014. Dependendo da pessoa ou do momento, pode ser visto como “bobagem romântica já batida” ou “uma bela história – de amor”. Deve agradar às mulheres e aos românticos, embora tenha partes bastante tristes. E se dissessem que é produção turca, seria difícil de acreditar, porque todos os elementos são característicos do experiente cinema americano, ou melhor, de uma minissérie americana romântica e de época: direção, elenco, cenários, trilha sonora…O filme realmente soa como se fosse uma minissérie e é passado em 1941 no norte da Turquia (Zonguldak, às margens do Mar Negro e pequena parte em Istambul), onde todos os homens, a partir dos 15 anos, eram obrigados a trabalhar em minas de carvão. Época da Segunda Guerra, de vida difícil, de muita pobreza e fome. Mas o foco da história é efetivamente a amizade entre dois poetas e suas vidas, envolvendo a poesia, seus dramas e suas paixões, ambos contagiados, em menor ou maior grau, pela tuberculose, doença obviamente comum naquelas circunstâncias. O filme é bonito, muito bem acabado, regado a poemas, sendo um bom e às vezes tocante entretenimento: na minha opinião, seria melhor realmente se não seguisse um modelo já conhecido, mas é baseado em fatos reais (um mérito no caso), destacando-se nos créditos finais (onde há o relato do destino dos personagens) a seguinte frase, que fecha com brilhante coerência: “Este filme é dedicado a todos os poetas perdidos”. 7,8

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LES GARÇONS ET GUILLAUME À TABLE

les-garcons-et-guillaume-a-table-afficheFilme franco-belga, de 2013, ano em que participou em São Paulo da 37ª Mostra Internacional de Cinema. Ganhou, em março de 2014, na 39ª edição do Cesar (Oscar do cinema francês), os prêmios de melhor filme, melhor diretor, melhor ator, melhor adaptação e melhor montagem. Curiosamente, além de Guillaume Gallienne acumular as funções de ator, diretor e roteirista, também colocou seu nome no título do filme, sugerindo tratar-se de sua biografia. O filme é uma comédia, na verdade de costumes, sendo, assim, uma crítica delicada mas ácida de certos modelos de educação, enaltecendo a necessidade de cada um buscar a sua verdade e essência, a despeito das expectativas da família e da sociedade. A aparência dos fatos da história guarda similitude com a do desenvolvimento do próprio filme, que parece ser uma coisa, mas acaba sendo outra, no fundo uma diversão bem agradável e inteligente. 7,8

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FANTASMA D´AMORE

Fantasma_DamoreEste é um drama de 1981 que se leva a sério. Por esse motivo, acabamos também levando-o a sério, embora ele nos conduza por caminhos de absoluta fantasia e tenha alguns momentos bem pouco consistentes – embora o mistério seja bem construído. A menos que desde o começo já interpretemos o filme com a coerência que talvez lhe tenha sido atribuída pelo roteiro: a de que há amores tão fortes e inesquecíveis, que podem se transformar em patologia, cega obsessão. De todo modo, acompanhamos com curiosidade e prazer os acontecimentos repentinos na vida do personagem interpretado pelo grande Marcello Mastroianni, bem como é sempre prazeroso rever a belíssima atriz Romy Schneider.  Produção Italo-franco-germânica. 7,5

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LIGADOS PELO AMOR (STUCK IN LOVE)

Ligados-pelo-Amor-CópiaGreg Kinnear, Jennifer Connely e Lily Collins (que parece filha de Jennifer na vida real…), entre outros, protagonizam essa comédia romântica americana de 2013 sobre relacionamentos. Achei acima da média, apesar de previsível em muitos momentos (os velhos estereótipos). Mas o diretor Josh Boone consegue fazer um filme acima dos demais do gênero, contando uma história de forma realista sobre as relações familiares, porém de forma leve, doce e otimista, mostrando que com honestidade, persistência e outros valores agregados é sempre possível retomar o que se acreditava perdido ou sem rumo. E ainda que nada valesse a pena (ou seja, a consistência de muitos momentos e personagens), o filme tem o mérito de apresentar uma belíssima e não tão conhecida música, Between the bars (Elliot Smith), que toca em momento de grande importância da história (para a personagem de Lily, dentro do carro, com o personagem de Logan Lerman). 7,5

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FINAL DE SEMANA EM FAMÍLIA (FAMILY WEEKEND)

final de semanaComo dizem os jovens, um filme “irado”…De forma anticonvencional, com muito humor negro e situações quase irreais, uma crítica à desarmonia da família, à desestabilização das relações, discutindo temas importantes e ácidos…com o tom de comédia, com absurdos aparentes, o filme envereda por situações que são repentinamente tratadas com uma seriedade que choca, principalmente se nos identificarmos em parte com esse caos da vida moderna. Muito interessante, embora conforme os olhos que veem o filme, pode ser algo bastante piegas e sem graça. Mas, na minha visão, o que aparenta ser um filminho banal, envolvendo crianças e bobagens, no fundo é algo preparado com ingredientes sérios e competência, mostrando a vida moderna, das redes sociais, da linguagem e dos anseios dos jovens, diante da velocidade que tudo parece tragar, mas que mantém a necessidade de que os valores básicos permaneçam intocáveis, até mesmo pelos próprios dilemas do crescimento e do natural abandono dos filhos pelos pais. De todo modo, um filme emocionante e divertido, uma comédia anárquica e diferente, só por isso já merecendo crédito. No fundo, nada mais que o trivial dos filmes americanos feitos para emocionar, para o coração. Mas esse trivial às vezes se confunde com os fatos da própria vida e não permite fuga. Nesse sentido e por isso comove. Com Matthew Modine e Shirley Jones (da Família Dó Ré Mi).  7,5

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ANATOMIA DE UM CRIME

anatomy_of_a_murder (1)A história não é nova neste drama do gênero “filme de tribunal”: um advogado, ex-promotor, aceita um caso para defender um militar acusado de assassinar o suposto estuprador de sua esposa. O diferencial neste filme americano de 1959 é o excelente roteiro, a direção perfeita do austríaco contestador Otto Preminger (Laura etc.) e que o advogado é James Stewart, a esposa Lee Remick (novinha, assim como também estava no início de carreira George C. Scott, um dos promotores no julgamento – mas já ótimo) e o tenente acusado Ben Gazarra, tendo além disso uma bela fotografia e uma trilha sonora premiada com o Grammy (de Duke Ellington, que inclusive toca piano em uma cena com James Stewart). Outro que trabalha no filme, como assistente do advogado, é o simpático e muito assíduo em filmes Arthur O´Connell, ganhador de vários prêmios de coajuvante.  O filme concorreu a diversos outros prêmios (filme, roteiro, fotografia etc., sendo inclusive indicado a 7 Oscar), mas era o ano de Ben Hur. James Stewart ganhou o de Melhor Ator em diversos festivais, inclusive no Festival de Veneza (sou suspeito para falar desse ator, um dos meus ídolos). Mais duas curiosidades: o cartaz do filme foi eleito um dos melhores da história do Cinema e o juiz que atua no julgamento era efetivamente magistrado na época da filmagem, o que fica claro pela dignidade e verossimilhança que confere à sua própria atuação (a paciência e a ironia fina do magistrado dão um tom magnífico às cenas, permeadas com humor afiado principalmente no tribunal). Nesse ponto, de fato, o julgamento é um dos melhores em termos realistas que o Cinema já apresentou, com diversos pontos altos, entre os quais o réu perguntando para o defensor como é que o júri poderia esquecer uma pergunta que ele fez e que o juiz mandou apagar dos registros, tendo o advogado respondido: “eles não podem esquecer”. O texto na parte do tribunal chega a ser brilhante, no estudo da conduta de advogados e dos meandros do Direito e os duelos da defensoria com a promotoria são afiados e brilhantes. Outra frase boa do filme: “Como advogado aprendi que as pessoas não são só boas ou más. As pessoas são muitas coisas”. No final, após uma cena de grande impacto e emoção, a reflexão enquanto se espera o resultado do júri chega à inesperada conclusão da dúvida, tendo um personagem dito: “não sei o que eu decidiria se fosse jurado…”. O espectador também pode ser sentir assim, o que será mais uma virtude desse clássico filme. 9,0

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CHEAP THRILLS

cheap_thrills-poster__largeO título do filme em português seria algo como “experiência emocionante”…Os programas bizarros de TV testam os limites das pessoas em troca de dinheiro: tem gente que come insetos, alguns coisas bem piores…Este é um filme que atinge limites chocantes e inesperados, até mesmo testando os nossos próprios. Somos mesmo todos corruptíveis, embora varie o preço de cada um? Qual o limite? Até que ponto cada um pode chegar? Existe dignidade quando se precisa de dinheiro? Diz o ditado que “a ocasião faz o ladrão”… este filme, de forma original, discute as limitações do ser humano, notadamente diante de dificuldades que colocam em risco sua estrutura e suas necessidades básicas, pincelando com algumas tintas misteriosas a trama que não nos permite adivinhar o final.  Enredo sólido, humor nigérrimo notadamente a partir de certo ponto e nosso desconcerto só não é maior do que o choque pela constatação de que à humanidade também pertencem os atos da mais vil baixeza. O bizarro aqui, a serviço do estudo da natureza humana, mostrando a desumanização do homem diante do que seria o…capitalismo, talvez. A cena do dedo sendo jogado “aos cães” resume a degradação a que se chega pela escravidão do vil metal, quando então o homem não conhece limites…E no final, antes da cena derradeira, nos perguntamos: haverá salvação, afinal? 7,5

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NYMPHOMANIAC VOL. 2

ninphoRealmente era sério o trailer do final do vol. 1: o volume 2 já existia de fato e agora dá o devido fecho ao filme, esclarecendo fatos, aumentando a complexidade de outros e aprofundando mais ainda e de forma mais visceral o estudo dos subterrâneos da sexualidade, com cenas e texto que chocam e atingem em cheio o espectador. Um filme fortíssimo, nada adequado a menores, onde agora aparece de forma mais incisiva o sadomasoquismo, com mais cenas explícitas e temas polêmicos (como a pedofilia, por exemplo) – valorizados pela contundente trilha sonora -, embora outros também inofensivos sejam abordados talvez com pretensões intelectuais (porém de real interesse: matemática, botânica, música)…, nos paralelos que o personagem de Stellan Skarsgard vai construindo à medida em que as histórias vão sendo contadas pela personagem de Charlotte Gainsbourg, recheados de arte, religião…Na juventude, a personagem é interpretada por Stacy Martin e o filme também tem as presenças de Christian Slater, Shia La Beoulf e Willem Dafoe, entre outros. Uma obra que – começando pelos originais, fortes e provocantes cartazes promocionais – realmente confirma a estética do chocante do diretor dinamarquês (Lars Von Triers) e até se torna difícil de ser comentada em poucas palavras. Mas algo é certo: o filme não é de modo algum pornográfico e nos provoca uma série de sensações e reflexões sobre coisas que permanecem geralmente invisíveis à nossa volta. 8,0

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VENUS IN FURS (VÊNUS EM PELES)

venusImpressionante e interessantíssimo esse último filme de Roman Polanski (2013). Absolutamente original, tem apenas dois personagens (interpretados por Emmanuelle Seigner e Mathieu Amalric) e se passa em um restrito ambiente de “ensaio teatral”. Na verdade o filme foi baseado em um livro do mesmo nome, escrito por um americano e baseado em novela do Marquês de Sade. Um duelo. O teatro. A vida. Onde começa um e termina o outro? O texto, o improviso, o infindável poder feminino. O poder e a submissão. Um filme instigante, sem dúvidas sensual e rico o suficiente para abrir muitas discussões em nível filosófico, sociológico etc, de questionamentos da própria arte, de seus limites e importância, comunicando-se com os dramas da existência humana e da natureza do Homem, incluindo suas porções subterrâneas. 8,5

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300 – A ASCENSÃO DO IMPÉRIO

300Embora a tendência seja comparar este filme com o anterior, na verdade…esta é outra história! Embora faça referência ao primeiro filme e retrate acontecimentos da mesma época, envolvendo o mesmo Xerxes (Rodrigo Santoro) e os Persas contra o mundo... Só que desta vez há um destaque especial para as mulheres – notadamente para Arthemísia (a bela e excelente Eva Green) – e para as batalhas navais, que são simplesmente estupendas. Aliás, difícil dar tanta importância a roteiro em filmes desse gênero e com essa tecnologia, que não dão muito campo para a criação, embora tenha havido alguma preocupação (com limites) com aspectos históricos e de personagens. Mas o foco aqui na verdade é a ação, a aventura, a emoção…e nesse particular, se visto o filme em 3-D e no IMAX, impossível fazer qualquer queixa: é tudo um espetáculo épico, de batalhas, de banhos de sangue, de câmera lenta, da violência exaltada pela excelência da técnica e dos efeitos visuais, e também enaltecidos pela extraordinária qualidade do som e da trilha sonora, que intensificam a tensão e a emoção, tornando tudo absolutamente eletrizante (quase sem tempo para comer a pipoca…). Uma verdadeira viagem e que de quebra apresenta, como dito, algum sentido histórico e de relações, envolvendo principalmente o patriotismo e o poder e a dualidade do ódio e da atração,a despeito de o aprofundamento maior ter ocorrido em face da personagem de Eva Green (com apenas regular desempenho do ator que fez o herói Temístocles  -o australiano Sullivan Stapleton – ainda mais se comparado ao Rei Leônidas do filme 300, Gerard Butler). Difícil ficar com os olhos fora da tela e sem sentir a pulsação ser alterada pela magnitude das imagens e do som. Mais um marco da nova tecnologia,  baseado “pra variar”em graphic novel de Frank Miller (The Spirit, Sin City, 300…). 8,5

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PHILOMENA

philomena_movieposter_1385062211Dirigido pelo britânico Sthepen Frears, um filme com várias indicações ao Oscar 2014: Melhor Filme, Roteiro Adaptado, Trilha Sonora Original e Atriz. Judi Dench (a M de OO7). Ela está perfeita, como sempre, e tocante (além de ter doses de fé e inocência, bem medidas), neste filme de procura dramática e que mostra acontecimentos incríveis que ocorreram após a II Guerra, a partir da Irlanda. Uma história emocional e dolorosa, muito bem contada e embalada com total adequação pela trilha sonora e que vai surpreender ao mostrar como a Igreja Católica aterrorizava as “almas pecadoras” nos anos 50. A verdadeira Philomena participou da festa do Oscar.  Águas paradas muito tempo de repente podem se mover, mas certamente uma das maiores dores é a da impossibilidade…8,4

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A UM PASSO DO ESTRELATO (20 FEET FROM THE STARDOM)

20-feet-from-stardom-(2013)-large-pictureTambém por exceção comento rapidamente um documentário, por ser especial. Primeiro, porque ganhou o OSCAR 2014 de Melhor Documentário e arrecadou até agora mais de um milhão de dólares nos EUA. E segundo, porque o prêmio foi justo, embora nessa categoria houvesse outros documentários fortes e talvez um ou outro até mais cotado. É que o tema é diferente e bem merecido: fala sobre os backing vocals, ou seja, aqueles artistas que cantam ou ao lado do principal, seus dramas, suas possibilidades de ascensão profissional (suas escolhas também, nesse sentido) e como são vistos no mundo da música, sendo geralmente desconhecidos do grande público…O documentário faz um resgatye histórico de grandes artistas (e das vocalistas de apoio), principalmente do rock, pop-rock, soul e rhithm and blues, com depoimentos, entre outros, Bruce Springsteen e Stevie Wonder , mostrando o crescimento e a importância desse pessoal “de apoio” e que em muitos casos assumiu um brilho próprio e intenso, como uma ou outra cantora enfocada especialmente e com talento incontestável. 7,8

 

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ONLY LOVERS LEFT ALIVE

Only-Lovers-Print-AdAviso inicial: este é um filme para pessoas que apreciam coisas diferentes, os chamados filmes “de arte”.  O diretor é Jim Jarmursch, um americano nada convencional e que inclusive, por exemplo, não permite que seus filmes sejam dublados (o que é muito interessante, na minha opinião). Os protagonistas são, com igual talento, Tilda Swinton e Tom Hiddleston, mas também participam os excelentes Mia Wasikowska e John Hurt. É um filme sombrio, lento, amargo (o cineasta inclusive não faz questão de mostrar que existe alguém no mundo além dos personagens, muito menos um mundo colorido, jogando na tela as ruínas e a decadência), que fala do tema “vampiros” de uma forma bastante diferente. Para começar, eles são nossos contemporâneos, ele morando em Detroit e ela inicialmente em Tanger…ele é músico, toca guitarra, violino, ela tem um Iphone, ele dirige carro, eles voam de avião, namoram…Todo o clima do filme é estranho e a trilha sonora acentua isso com extrema competência. Prevalece nesses seres míticos, cada vez parecendo mais perdidos, a inevitável solidão e o roteiro se torna também muito interessante ao fazer a conexão dos personagens (seculares) com diversas figuras famosas da vida real, sugerindo, por exemplo, que Shakespeare era medíocre e que seus textos eram de outro… que Shubert teria copiado obras musicais etc.  A rotina humana não é fácil principalmente para os imortais…8,0

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O RELUTANTE FUNDAMENTALISTA

o relutante fundamentalistaThriller de 2012 dirigido por Mira Nair (cineasta indiana, radicada nos EUA), que fala de ideologia, de preconceito, de raízes e de mudanças necessárias, envolvendo o imperialismo americano e seus conflitos, o islamismo do Paquistão especialmente e uma realidade dramática de hostilização de um povo pelos EUA, com suas decorrências e reflexos na vida dos personagens (inclusive sendo fortes os diálogos, quando abordam a visão dos muçulmanos sobre a arrogância dos ianques). O filme escancara o preconceito e principalmente a injustiça, com ótimo elenco e trilha sonora inclusive (além da direção). De mais conhecidos, Kate Hudson e Kiefer Sutherland. 8,0