JOVEM E BELA
Filme de François Ozon e que só por esse detalhe já merece a maior atenção. Se avaliada a aparente fragilidade da história, pelo lugar-comum que encerra, poder-se-ia imaginar um filme banal, superficial e sem grandes atrativos. Contudo, não é isso o que acontece, quando combinados roteiro, direção e a excelente interpretação da atriz Marine Vacht, indicada ao Oscar francês (Cesar) para Melhor atriz revelação. O filme mostra uma vida em família, as alegrias e as dificuldades, os relacionamentos, mas seu foco principal é o difícil rito de passagem da menina para moça, suas inquietações e esperanças/ilusões, mas também a expectativa e a realidade a ser enfrentada, notadamente pela inesperada e não explicada opção de vida que faz a adolescente. O amadurecimento ou despertar da jovem é dividido sugestivamente nas quatro estações do ano, cada qual acompanhada pelo seu clima e seus temas próprios (e uma perspectiva diferente), sempre de modo sensível, porém com muitas cenas bastante liberais. Fatos inesperados vão ocorrer, conflitos não previstos e o caminho escolhido poderá ou não redundar em um final feliz, seja esperado, seja imprevisível. A atriz alcança, a par de sua beleza, um notável desempenho, por conseguir com poucas palavras deixar sutilezas e enigmas no ar, a serem desvendados, envolvendo sua enigmática e resoluta personagem, aparentemente livre de qualquer censura moral ou apego a bens materiais. A aparição da personagem de Charlotte Rampling na parte final parece finalmente alimentar o espectador para que desvende pelo menos parte do mistério. O filme é embalado por temas da também bela cantora Françoise Hardy, que grande sucesso fez na França na década 60 e foi premiado no Festival de San Sebastián, tendo também concorrido em outros, como à Palma de Ouro em Cannes em 2013. 8,5