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GRAND TURISMO: DE JOGADOR A CORREDOR

Belas imagens e algumas cenas esplendorosas, porém uma coleção de clichês: um roteiro já visto dezenas de vezes antes, linha por linha. Entretanto, mais importante do que a repetição de lugares comuns – embora revestidos de pura tecnologia e plasticidade (e som!) – é do que trata o filme: de um simulador de corridas de carros fabricado pela Playstation e aperfeiçoado até beirar a perfeição (ou seja, a realidade). De tal modo, que a Nissan idealizou colocar os pilotos dos gamers competindo no mundo real, lado a lado com os profissionais integrados às competições de verdade. O roteiro é baseado em fatos que realmente ocorreram e curiosamente o seu próprio protagonista aceitou atuar no filme como dublê, o que ficamos sabendo com os créditos finais, quando também conhecemos a verdadeira fisionomia dos personagens encenados. Um filme, portanto, muito bem feito, com instantes empolgantes e que tem o seu valor, embora de linha mestra já vista muitas vezes e até batida. A diferença é que os efeitos especiais de hoje conseguem qualquer proeza e deixam no pó aqueles de filmes icônicos antigos, como As 24 horas de Le Mans, com Steve McQueen, do longínquo ano de 1971: aqui há uma cena, subitamente paralisada, na qual em meio a uma corrida vemos um carro se decompor por segundos em todas as peças de que é feito, que ficam suspensas no ar, até serem revertidas à integralidade. O diretor é Neill Blomkamp (Distrito 9) e o personagem de David Harbour (engenheiro chefe da equipe) soa indiscutivelmente como o mais interessante e carismático do filme, enquanto o de Orlando Bloom (Danny Moore) é meramente uma caricatura. Enfim, para quem gosta do tema, uma despretensiosa diversão, talvez bem mais significativa aos fâs de games do que aos de corridas e que se bem refletido (o que a velocidade do filme não deixa…) poderá parecer, no fundo, um grande e bem produzido comercial. Cabe observar, por fim, que o título dado em português é tão tolo quanto parecem limitadas a inteligência e a criatividade daqueles que, pensando apenas no faturamento, são encarregados dessa missão. 7,6