A FILHA DE RYAN
Maurice Jarre, compositor, arranjador e maestro, autor da trilha sonora deste filme e de outros do diretor David Lean (Doutor Jivago, Lawrence da Arábia, Passagem para a Ìndia…), é também responsável pela trilha de dezenas e dezenas de filmes, entre os quais Ghost, A testemunha, Sociedade dos poetas mortos e Atração fatal). O diretor, além dos filmes citados acima, também é o responsável por inúmeros sucessos como A ponte do rio Kwai, Grandes esperanças, Oliver Twist…Portanto, ambos dispensam maiores comentários e já por eles este filme de 1970 já de início se mostra credenciado pela qualidade. Mas a obra é também grandiosa pelas imagens (fotografia exuberante), também marca registrada do diretor (como a maior duração de seus filmes). E tem uma bela história – e com fundo moral a ser debatido na frase final do Sr. Ryan ao se referir ao professor -, enfocando dramas da época da Primeira Guerra Mundial – inclusive do conflito irlandeses x ingleses – e também do vilarejo irlandês, com fatos e tipos representativos de um âmbito universal. Há muitas cenas que ficam na memória, algumas inclusive pitorescas (como a identificação do bobo com o major, pelo problema físico de ambos). Entre outras, de impacto visual ou dramático. O elenco é ótimo: mais irlandês que o padre magnificamente interpretado por Trevor Howard, impossível; Robert Mitchum também está muito bem como o professor, assim como Sarah Miles no personagem-título, mostrando as nuances das transformações por que passa ao longo da história…entretanto, nada mais especial e inesquecível do que a composição do personagem Michael (o bobo da aldeia) feita por John Mills e que lhe valeu o Oscar 1971 de Melhor ator coadjuvante. Mais do que merecido! E o filme ganhou ainda o Oscar de Melhor fotografia, perdendo os demais para a forte concorrência daquela época: Patton, Mash, Mulheres Apaixonadas, Love Story (que ganhou a trilha sonora). E só não coloco este filme como um dos melhores do diretor por alguns detalhes que me desagradaram um pouco do roteiro, ao não separar bem os fatos da guerra e os que envolvem o casal e o major e, também, porque em muitos momentos a história me pareceu não sair do banal (embora a parte final compense plenamente eventuais lacunas)…Mas, sem dúvidas, pelas qualidades, mesmo sendo um David Lean “menor”, ainda assim é algo imprescindível e de destaque na história do Cinema. E só o arrebatamento causado pelas lindíssimas imagens já valeria o ingresso. 8,8