DUELO AO SOL (DUEL IN THE SUN)
Um filme estilo faroeste (mas não se concentra exatamente no gênero, sendo mais um drama), feito em 1946 e dirigido por King Vidor (e, pelo que consta, em parte por Otto Brower e William Dieterle). Teve duas indicações (justas) ao Oscar: para Melhor atriz e Melhor atriz coadjuvante, respectivamente Jennifer Jones e Lillian Gish, esta última considerada a melhor atriz do cinema mudo, com uma carreira de impressionantes 75 anos de cinema (de 1912 a 1987) e com 53 anos de idade quando fez este filme. Já Jennifer, ganhou o Oscar de Melhor atriz em 1943 com A canção de Bernadette e estrelou inúmeros filmes, como O retrato de Jennie, Desde que partiste, Fúria do desejo (Ruby Gentry), Suplício de uma saudade, vindo a se casar, alguns anos depois, com o legendário produtor (deste filme inclusive) David O. Selznick. Outro destaque feminino no elenco (apesar de suas poucas aparições) é a atriz Butterfly McQueen (a empregada negra, que havia trabalhado em E o vento levou), com uma personagem pitorescamente marcante. Mas aqui os atores também são de peso e inclusive atrativo para a bilheteria: Gregory Peck e Joseph Cotten, além de Walter Huston e Lionel Barrymore, entre outros. Contudo, apesar de tudo isso -e da fama-, o filme é insatisfatório, até mesmo cansativo em algumas partes. Às vezes é difícil de definir sua lógica, porque lhe falta uma unidade narrativa, talvez tenha problemas de direção e também de edição; a fotografia muitas vezes é exagerada e apesar da sensualidade a protagonista demora para se encontrar e oscila muitas vezes; na verdade, com uma ou outra exceção, os atores homens não entregam uma interpretação como deveriam, principalmente Gregory Peck, que faz aqui um papel bem diferente do que costumava fazer, no caso um personagem com o caráter oposto do habitual (parece muitas vezes “forçado”). O filme é em alguns pontos excessivamente melodramático e caricato em outros, embora tenha alguns momentos muito bons. Um desses momentos bons não é certamente o final do filme, embora seja o momento da resposta à pergunta que ficou no ar durante todo o desenrolar da trama: “quem, afinal, vai duelar ao sol?”. O desfecho do filme é de mau gosto e embora se possa ver até uma lógica nos fatos, essa coerência não convence muito e os acontecimentos não se harmonizam convenientemente com o restante do contexto. A sensação final, pesando os prós e os contras, suas virtudes e seus defeitos, é de que seria um filme com todos os ingredientes para se tornar legitimamente um clássico, pelo conjunto de suas qualidades, o que lamentavelmente não ocorre por variados motivos. Apesar disso, são bastante inconstantes as opiniões sobre ele e tem conquistado, ao longo dos anos, uma legião de admiradores, que inclusive o elevam a um patamar de clássico e entre os superlativos do gênero. Sendo assim, resta a cada um assistir e formar sua convicção. 7,6