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DE TIRAR O FÔLEGO (THE DEEPEST BREATH) – DOCUMENTÁRIO

Este é um documentário de 2023 da Netflix e que utiliza muitíssimo bem inúmeras filmagens reais, para contar uma história atraente e emocionante de vários personagens (dois em especial) dentro do mundo do mergulho livre de apneia, certamente um dos esportes mais radicais do mundo. Atenção, um conselho fundamental para quem gosta de surpresas: como se trata de personagens e acontecimentos reais, a consulta prévia à internet certamente vai estragar o maior sabor da história, que é o mistério, narrado com muito suspense/tensão e emoção. As dimensões desse tipo de mergulho nos chegam de forma bastante realista, inclusive nos familiarizando com os locais paradisíacos porém de potencial de grande perigo e que dentro desse esporte são considerados os mais desafiadores. A maior virtude da história, porém, é conseguir, com muita habilidade e competência da diretora Laura McGann, ocultar do espectador o desfecho, de modo que acompanhamos os acontecimentos sem conseguir adivinhar o destino dos atletas enfocados. Inclusive os depoimentos exibidos só apresentam alguma emoção na parte final do documentário, que nos brinda efetivamente com muitos e ricos detalhes desse universo peculiar dos mergulho livre de apneia e dos campeonatos mundiais, em que atletas de vários países tentam se superar e quebrar o recorde mundial, para isso também mergulhando nos perigos, que envolvem desde o apagamento – simples ou com danos cerebrais permanentes – até a própria morte. Ficamos sabendo da preparação dos atletas, da ambição e da luta de um superar o recorde do outro, apenas com o limite do fôlego, das técnicas de nado, mergulho e fôlego e do desafio da superação, de descer verticalmente a grandes profundidades, sem oxigênio e uma corda de apoio (que vai da superfície até além de 100 metros), tendo o mergulhador que calcular precisamente o tempo em que consegue prender a respiração, tanto para a descida, como para a aflitiva subida, principalmente nos últimos 10 metros antes do retorno à superfície. Um trabalho cinematográfico que nos faz realmente prender e quase perder o fôlego e que mostra também a existência de talentos naturais para a prática desse esporte, que para todos os praticantes exige tanto muita disciplina e tenacidade, quanto coragem para enfrentar os grandes desafios das profundezas e da superação. Prática que não é para poucos e que, mesmo tendo uma rotina repetitiva, pode render momentos de aventuras e fortes emoções, como aqui fica provado, diante das tênuas barreiras que separam a glória e a morte. 9,2