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TAXI DRIVER

Este filme de 1976 é considerado por muitos um pequeno clássico e por outros uma verdadeira obra-prima, pela conjugação de todos os seus elementos e por tudo o que representa, inclusive na carreira do diretor e dos seus intérpretes. Sem dúvidas com ótima fotografia (soberba a NY exibida em todos os seus detalhes inclusive de mundo-cão) e trilha sonora, uma obra de vulto e muito bem dirigida pelo mestre Martin Scorsese (Os bons companheiros, Os infiltrados, A época da inocência, Ilha do medo, O lobo de Wall Street, Casino, Cabo do medo, Gangues de Nova Iorque), além de magnificamente interpretada por um jovem mas já supertalentoso Robert De Niro (O franco atirador, Os intocáveis,Touro indomável, A missão, Os bons companheiros, O poderoso chefão 2). Também atuam no filme Cybill Shepherd (a gata da série A gata e o rato), Jodie Foster aos 14 anos e o “multimídia” e sempre maravilhoso Harvey Keitel, aqui em um papel inesperado. Aos poucos vamos sendo ambientados na “fauna” noturna novaiorquina, onde justamente trabalha o protagonista (que também exercita narrativas em “off”) e acompanhamos sua rotina e seu olhar sobre as coisas. E, com isso, sua transformação, que é lenta mas impressionante, também em um trabalho memorável de construção de personagem, tendo De Niro, pelo que consta, feito um “laboratório” prévio, dirigindo um táxi durante um mês, durante várias horas por dia. Vemos a frustração do protagonista diante do grande vazio à sua volta e em si mesmo, das diferenças culturais, a angústia de não poder sequer viver a normalidade (a contemplação dos casais de namorados é eloquente nesse sentido), enfim, as limitações dos caminhos e das eventuais saídas. O roteiro, portanto, é muito denso e consistente e o conjunto da obra de um nível sem dúvida elevado. Entretanto, minha opinião pessoal é de que no final o filme se perdeu um pouco e só não ficou fortemente maculado pela maestria de sua construção anterior e como um todo. Não achei satisfatórias e nem verossímeis as cenas que precedem o final e o desenlace considerei fraco e pouco convincente, apesar do toque poético da derradeira cena. Para mim, o fim do filme acaba comprometendo um pouco e impedindo a total harmonia da obra, que se não fosse isso poderia ser até perfeita. Curiosidade: contam que a cena em que Travis está falando com o espelho, o roteiro apenas pedia que o personagem se olhasse no espelho, tendo, então, De Niro, feito uma notável improvisação e que acabou aproveitada, falando consigo mesmo e proferindo a frase que acabou ganhando fama: “você está falando comigo?”. 9,0