DE REPENTE, NO ÚLTIMO VERÃO (SUDDENLY, LAST SUMMER)

Olhando o elenco e o diretor, este filme de 1959 faz promessas de ser extraordinário. E poderia de fato alcançar esse nível. Mas algo não funciona como esperado. Talvez o tema ou o modo de mostrar os fatos (embora o excelente diretor Joseph Mankiewicz), ou algo no roteiro, que apresenta alguns toques melodramáticos ou novelescos demais, inclusive atribuindo a um personagem neurologista atitudes incompatíveis, como se fosse um psicólogo ou psiquiatra. Talvez o próprio ator Montgomery Clift, que ficou famoso, coisa e tal, mas não tem o talento que se comenta.  Fica tudo meio árido e confuso às vezes, não fluindo como deveria, embora tendo qualidades e inegável força em seus mistérios. O gênero é o drama com tempero de suspense, principalmente quanto aos acontecimentos do passado e que são toda a resposta para o presente e talvez a solução dos traumas. A história é interessante por despertar a curiosidade e ganhamos uma atuação maiúscula de Elizabeth Taylor e de Katharine Hepburn, por tal razão tendo sido ambas indicadas ao Oscar de Melhor atriz pelo filme (que também concorreu na Direção de arte em P&B). Duas grandes intérpretes, a primeira sendo inclusive dona de famosos olhos violetas e de um rosto belíssimo e absolutamente fotogênico, tendo ficado famosa tanto pela beleza, quanto pelos vários casamentos que teve (inclusive mais de um com o mesmo marido, no caso Richard Burton). Taylor ganhou o Globo de Ouro de Melhor atriz, ambas perdendo o Oscar para Simone Signoret. Rumo à descoberta da verdade penosa e oculta, acabamos, afinal, apreciando o filme, muito embora a revelação dessa verdade se dê também de um modo meio tosco. Apesar disso, é um filme forte, com bela fotografia e roteirizado “apenas” por Gore Vidal e Tennesee Williams. Em suma, algo bom, mas que poderia ser bem melhor.  8,2