COMO NOSSOS PAIS

Este filme ganhou simplesmente seis Kikitos no Festival de Gramado 2017: melhor filme, melhor montagem, melhor direção (Laís Bodanzky), melhor ator (Paulo Vilhena), melhor atriz (Maria Ribeiro, sensacional) e melhor atriz coadjuvante (Clarisse Abujamra, maravilhosa). E não foi à toa, porque é uma produção nacional que se concentra nos “pequenos grandes temas/dramas” dos seres humanos: relacionamento de casais, de  mãe com filha, mãe com filhas…conflitos domésticos e da mulher contemporânea, em um mundo que continua dominado pelos homens, os quais – não sem propósito – figuram no filme como um exemplo até estereotipado (mesmo o pai, muito bem interpretado por Jorge Mautner). O filme fala sobre os dilemas do casamento, sobre as difíceis relações verticais, sobre a hipocrisia social e a invisível opressão das mulheres e tudo se desdobra a partir de um fato que acontece logo em seu início: uma confissão, absolutamente desnorteadora para quem a recebe, e que vai mudar toda uma linha de pensamento e de conduta. Não é um filme perfeito, mas certamente de ótimos diálogos e de grandes momentos, como a sessão de terapia do casal, a cena do sapato vermelho, as conversas entre a mãe fumante e a filha, a cena sutil e pungente do piano quase ao final, inclusive com a música – a obra-prima de Belchior -, de alto significado e que dá nome ao filme….E o final valoriza ainda mais o tema, abrindo para o futuro as vastas possibilidades.  8,5