ATRAVÉS DE UM ESPELHO (EM BUSCA DA VERDADE)

Atores e atrizes muitas vezes recorrentes na obra do grande cineasta sueco Ingmar Bergman, Max Von Sydow, Gunnar Björnstrand e Harriet Andersson (acompanhados por Lars Passgärd) brilham neste estudo íntimo e reflexivo tanto dos personagens, quanto da própria filosofia existencial, que investiga os caminhos da própria humanidade diante dos dilemas da existência de Deus e do que o próprio ser humano necessita e significa, nas faces do amor que busca e que reflete. Há muitas mensagens até difíceis de alcançar nesta obra, cujo ápice são seus momentos finais, em que o texto finalmente revela a extensão e profundidade das descobertas e tenta justificar as atitudes dos personagens, que ao longo da história parecem ter suas próprias luzes e sombras. Não é algo fácil de digerir e de apreender na essência integral, mas é um exercício interessante de estilo e a mensagem que fica é sólida e alimenta o espírito. Harriet Andersson, que interpreta alguém com doença mental não explicitada (mas que parece ser a esquizofrenia) e com uma multiplicidade de nuaneces, é o grande destaque do filme, cujo título se refere a passagem da Biblia, que faz referência a uma visão inicial confusa e nublada, mas que depois se descortina e se revela, colocando o ser frente a frente com toda a verdade (a grande descoberta: do amor? De Deus?). O filme, de 1961, apresenta vários questionamentos e sugestões polêmicos, incluisive envolvendo o incesto (ou sutilezas?), além de uma paisagem bela e fascinante, porém limitada, tudo nutrido pelo ótimo roteiro e segura direção e emoldurado pela sempre belíssima fotografia de Sven Sykvist. 8,8