A LUZ É PARA TODOS (GENTLEMAN´S AGREEMENT)

Um filme premiado, feito em 1947 e co-roteirizado e dirigido com muita competência por Elia Kazan, que nessa época ainda estava no começo de sua carreira, a qual foi consolidada definitivamente alguns anos depois com grandes filmes, como Um bonde chamado desejo, Viva Zapata, Sindicato de ladrões, Vidas amargas, Clamor do sexo. Kazan ganhou o Oscar e o Globo de Ouro pela direção, o mesmo ocorrendo com o filme (ou seja, ambos os prêmios) e com a atriz coadjuvante Celeste Holm. Além disso, o ator Dean Stockwell foi premiado com o Globo de Ouro, como melhor ator jovem. Concorreram ao Oscar o ator Gregory Peck, a atriz Dorothy McGuire, a atriz coadjuvante Anne Revere, além do roteiro e da montagem. Realmente é uma bela obra, com bela fotografia em p&b, harmônica atuação de todo o elenco, um roteiro interessante e os prêmios já dizem bastante sobre a sua qualidade. Apenas alguns momentos do filme são levemente arrastados e alguns diálogos um pouco truncados ou complexos ou desnecessários, ou seja, existem alguns senões em seu desenvolvimento,  mas esses fatos acabam sendo superados pelo tema de enorme abrangência social e pelos sentimentos e mensagem que deixa no seu final. O título original, “Acordo de cavalheiros”, faz referência ao trabalho jornalístico assumido em segredo pelo protagonista e que justamente dá origem ao tema principal do filme, que não é o trabalho em si, mas os reflexos dessa “missão jornalística”, devastador nas atitudes de preconceito que provoca e que reflete uma condição social, que infelizmente pode ainda ser observada nos dias de hoje. O filme investiga e denuncia o preconceito e a discriminação racial, tendo sido realizado dois anos após o final da segunda guerra mundial. Pelo que consta, foi o primeiro filme com essa temática nas telas do cinema, fato que amplia ainda mais a força de seu texto e justifica ainda mais a premiação que recebeu. Baseado em obra literária, denuncia de um modo original o antissemitismo (preconceito, rancor ou ódio contra os judeus), mesclando naturalmente (pela época) a linha mestra do roteiro com toques de romantismo. Na verdade, seu tema acaba sendo universal e até mesmo gera uma questão ética envolvendo o jornalismo, na pessoa do jornalista que aceita e cumpre uma missão “sigilosa” e que exige uma falsidade de conduta, fato que mais uma vez remete ao título original do filme.  8,7