A HORA DA VINGANÇA (DEADLINE)

Não há como negar que Humphrey Bogart faz a diferença em qualquer filme, pelo seu talento e carisma, muitas vezes tornando saborosos roteiros insossos. Mas aqui não é o caso, pois o filme teria qualidades para se sustentar sem ele, embora com a presença de Bogart o roteiro muito bem escrito adquira outra dinâmica e perspectiva, inclusive pela facilidade e preferência do ator, pelos diálogos ágeis, rápidos e precisos, não raro carregados de sutilezas ou ironias. Este filme de 1952 (de título ridículo em português) apresenta duas vertentes e as desenvolve muito bem e simultaneamente: o mundo do crime e o o mundo da imprensa. A respeito deste último, seu foco central, provoca em nós até mesmo uma reflexão a partir de nossa realidade atual, pois enaltece a importância para a democracia e a liberdade de uma imprensa íntegra e imparcial. O elenco é muito bom e afinado, no qual também se destaca a veterana atriz Ethel Barrymore (irmã dos atores Lionel e John Barrymore, tia da atriz Drew Barrymore e dona de uma estrela na famosa Calçada da Fama em Hollywood). O diretor Richard Brooks (A sangue frio) conduz muitíssimo bem a história, com elogiável desembaraço e segurança, em grande parte como fruto de sua experiência de vida, pois foi repórter em diversos jornais e da equipe da rádio NBC (de escritores), o que dá realismo e credibilidade às cenas internas do jornal, tanto no que se refere ao ambiente, quanto ao ritmo do trabalho e à vida daquelas pessoas, dentro de uma redação em permanente movimento e pressão. A ação prende o espectador do começo ao fim e é um belo exemplo dos ótimos filmes da década de 50. 9,0