A CONFISSÃO

Exibido pela Netflix, também tem o título no plural, mas o original é “Le confessioni”, portanto o singular é o mais adequado. Uma reunião de economistas de vários países em um luxuoso e bem protegido local vai desencadear um interessante drama com forte fundo político, contendo questões muito atuais sobre a economia, o capitalismo, o poderio do sistema bancário (até mesmo comparado com a Máfia), o domínio do mundo moderno, tudo cercado de muito mistério quanto aos objetivos do encontro, sobre alguns personagens, mas principalmente a respeito do monge (presença aparentemente inusitada no encontro), interpretado pelo ótimo Tony Servillo (A grande beleza). Mas o mistério maior, em torno do qual orbita toda a trama, é justamente o de uma confissão, que acaba se vinculando à morte de um dos personagens e seu conteúdo acaba sendo uma das surpresas da parte final do filme. No caso, uma surpresa positiva. Mas há também uma surpresa para mim negativa, que é a da doutrina ideológica que o filme abraça em seu desenlace e que parece contrariar o equilíbrio e a abertura existente ao longo de toda a história. Com exceção desse desenlace que toma partido, todo o filme é guiado pela qualidade da produção, do roteiro, da fotografia, da trilha sonora, da direção e dos diálogos, com um clima permanente de mistério e um elenco afinado, integrado inclusive por Connie Nielsen e Daniel Auteuil.   8,7