A CHEGADA

Uma produção americana que desde o Critic Choice Awards do final de 2016 tem sido indicada em diversos eventos cinematográficos, principalmente nas categorias de melhor filme, diretor, roteiro e atriz (a excelente Amy Adams !). E não é sem mérito ! A começar pelo diretor, Denis Villeneuve, autor de obras como Incêndios, Os suspeitos, O homem duplicado e Sicário e que é o responsável pelo remake de Blade Runner, o que não é pouco! Ele torna diferente, inteligente e dinâmico o que já parecia explorado à exaustão no gênero, apresentando um trabalho fortíssimo em seu contexto e principalmente na sua parte decisiva. Mérito também do excelente roteiro de Eric Heisserer. A história é muito bem contada e vai envolvendo cada vez mais o espectador que, surpreso e fascinado, vai vendo serem desvendados os enigmas e surgirem as grandes surpresas decorrentes do desenvolvimento e entrelaçamento das duas subtramas. O filme explora a atual situação do planeta (inclusive politicamente), concentra-se nos temas envolvendo importante teoria linguística e em outros, inclusive atemporais, como o da não-linearidade do tempo, quebrando paradigmas e com isso alcançando públicos bastante diversificados, sem perder o interesse – até porque abre vasto campo para discussões – e o lirismo. O seu lado emocional, aparentemente submerso, quando aflora é simplesmente explosivo. É verdade que até certo ponto o aroma dos clichês se faz claramente sentir: mas depois percebe-se nitidamente que não havia outra saída para precipitar o conjunto final inesquecível e que nos deixa “embriagados” por horas: as emoções que o filme proporciona, a amplitude, complexidade e atualidade de suas mensagens – transmitidas com inteligência, competência (nos detalhes) e criatividade – torna obrigatória, desde já, sua inclusão no rol das principais obras de ficção científica de todos os tempos. 9,5