A BRUXA DE BLAIR (THE BLAIR WITCH PROJECT)

Na época do lançamento, em 1999, este filme fez um furor impressionante, causando grandes comoções. O gênero é suspense e terror, sendo aqui utilizado integralmente o recurso handheld, ou seja, tudo é filmado com uma câmera de mão, o que não apenas cria uma sensação de intimidade, mas também intensifica a tensão, tornando todo o clima mais realista e dinâmico. E amedrontador. Além disso, de modo bastante eficiente – com o aproveitamento do ambiente, do acampamento, da escuridão e da luz noturna exclusiva das lanternas -, é bem aplicado o ensinamento do mestre do suspense Alfred Hitchcock, de que o maior medo não é do que se vê e sim do que não se vê. A forma do filme é de documentário, mas feito ao longo de toda a história pela personagem feminina (ao todo são três personagens, sendo dois homens), pois na verdade se trata de um relato dos fatos, documentado com imagens e sons. Para surpresa de muitos, a produção se encontra entre os 100 filmes de maior bilheteria nos EUA de todos os tempos, o fato explicado pela massiva e notável campanha de lançamento, que se baseou no mistério e horror místico, anunciando o filme como uma experiência real de horror e cercada de fatos misteriosos supostamente reais e inexplicáveis: divulgou-se que após a produção houve o desaparecimento de parte do elenco, que durante as filmagens e por mais de uma semana os três personagens viveram tudo com o realismo da floresta, sendo jogados nela sem orientação, privados de parte do sono e da comida, sendo filmados sem saber precisamente os momentos, além de receber o roteiro aos poucos. Tudo para dar mais realismo ao contexto. E uma cena do filme foi divulgada repetidamente, que é uma das mais impactantes (a cena do cartaz anexo do filme): Heather, iluminada apenas pela luz da lanterna, chorando apavorada dentro da barraca e narrando o que estava acontecendo e seu temor de serem aqueles seus últimos momentos, ouvindo-se ao fundo (fora da barraca) muitos ruídos aterrorizantes e fantasmagóricos. Ocorre que mesmo naquela época alguns já observavam que o filme não era assim tão terrível como tentava parecer, mantendo-se apenas na estratégia e isso agora de constata mais claramente: sem a publicidade, de fato não é algo tão assustador se comparado com diversas produções lançadas nas últimas décadas. Mais ainda assim, pela ideia e por todo o contexto original da propaganda e da própria realização do projeto, o filme merece ser apreciado, longe dos efeitos atordoantes do longínquo ano de 1999. 8,3