ENTRE MONTANHAS (THE GORGE)

Este é um filme novíssimo e de certo modo uma surpresa. Seu título original é perfeito, porque totalmente coerente com a história: “O desfiladeiro”, palavra que como se sabe tem relação com a passagem geográfica que ocorre entre montanhas. Difícil, portanto explicar a razão pela qual o título em português não é o exato e sim “Entre montanhas”…mas a cabeça dos tradutores já é questão de estudo científico. Voltando ao tema, este filme é surpreendente porque de início parece ser do gênero espionagem e ter feições mais sérias. Entretanto, com seu desenvolvimento vamos nos espantando com a migração para diversos gêneros e de forma súbita. Torna-se uma espécie de miscelânea e isso acaba fazendo com que o inesperado seja parte integrante do cardápio. O que acaba sendo bom e saudável, passando a ser tudo uma grande e inesperada aventura, que reveza com ação, suspense, mistério, romance, terror, ficção etc, o que afinal brinda o espectador com muito entretenimento, bastando se deixar levar. Aliás, essa é a condição básica para jovens e adultos se divertirem (sob esse foco é que o filme deve ser visto): abrirem mão do racional e mergulhar de cabeça no enredo, que dentro do imaginário criado – com concepções impressionantes/sensacionais de ambientes/cenários e alguns conceitos, diga-se – até que acaba justificando seu sentido (inclusive pelo didatismo que esclarece sua lógica). O importante é a diversão leve e também que o diretor Scott Derrickson (O telefone preto, Doutor estranho) sabe muito bem manejar o roteiro tão variado e insólito e o belo elenco que tem à sua disposição, comandado pela exótica (inclusive no nome) Anya Taylor-Joy (O gambito da rainha, O menu), Miles Teller (Whiplash, Top Gun Maverick) e Sigourney Weaver (Alien, Sete minutos depois da meia-noite). As cenas são bem produzidas, os cenários belos e imponentes, há algumas tomadas de grande efeito e difícil realização técnica e ainda alguns diálogos mais profundos, que de certa forma também inovam um pouco o gênero da ação pura. Em resumo, independentemente da fantasia toda e dos clichês inevitáveis, um divertimento garantido e algo bem interessante de se ver. 8,5