EM CHAMAS (BEONING)

O cineasta, roteirista e romancista sul-coreano Lee Chang-dong dirigiu este drama com alguma feição policial em 2018, com muita competência, mas sem pressa alguma. O filme acaba sendo um longa-metragem (perto de 2h 30min de duração) e exige do espectador alguma paciência para cenas mais longas do que seriam nas mãos de outros cineastas. Na verdade, é uma questão de estilo e o roteiro é bastante interessante e tem enfoques bastante atraentes, com muito suspense e mistério norteando a história e instigando o espectador, o que compensa a lentidão. Mas de fato algumas cenas – algumas bastante belas fotograficamente – poderiam perfeitamente ser mais sintéticas. Apenas na parte final é que os acontecimentos se aceleram e os fatos ocorrem até mesmo sem prévio aviso, podendo até mesmo chocar o público. Mas o tema é interessante – se bem observado, o sentido do título do filme poderá ser sentido, metaforicamente, ao longo de quase todo o enredo – e a metragem do filme um desafio a ser vencido pelas qualidades que tem, pois se trata sobretudo de um thriller bastante original e que aprofunda questões cujas camadas devem ser descobertas. O trio central é formado pelos sul-coreanos Yoo ah-in, Jeon Jong-seo e pelo sul-coreano naturalizado americano Steven Yeun. Em resumo, um filme adequado para públicos especiais, mais acostumados aos chamados “filmes de arte” ou aos adeptos de filmes não convencionais. Baseado no romance japonês “Barn burning” (Haruki Marakami), o filme recebeu vários prêmios e foi indicado a outros tantos, inclusive em Cannes. 8,8