CONCLAVE
O título do filme – baseado em obra literária – já define o seu enredo: a rotina, a liturgia, os dramas dos bastidores da eleição de um novo Papa (rituais que, como se sabe, são mantidos sempre com grande reserva pela Igreja). E de fato podemos apreciar os detalhes mais íntimos do Vaticano, de uma forma diferente da que já foi mostrada anteriormente. Só que a história não se limita aos fatos padrões (embora navegue às vezes por pequenas romantizações): é um roteiro adulto, em torno dele sendo construído um filme de nível elevado e até raro em sua força, além de belo em seus princípios. O ritmo é lento, como pede o protocolo, mas vai ficando cada vez mais intenso e a parte final é imprevisível, com desdobramentos surpreendentes, inclusive surgindo um tema inesperado, polêmico, e que para alguns pode até desmerecer a obra, embora para outros certamente a enobreça ainda mais, sintonizando-a perfeitamente com a realidade ou com a atualidade. Drama com suspense, dotado de uma trilha sonora especialíssima, que acentua todos os tons, desde os mais solenes, até os mais intensos envolvendo tensões, disputas, intrigas etc. A política interna (e não só ela) é escancarada, bem como as facetas humanas do alto clero, no cotejo entre a fé e a ambição pelo poder. A direção é excelente de Edward Berger (Nada de novo no front), assim como a montagem e mais uma vez somos brindados com uma atuação maiúscula do versátil Ralph Fiennes, embora todo o elenco seja ótimo, com destaque para Stanley Tucci, Isabella Rossellini, Sergio Casttellito e John Lithgow. 9,0