FIREBRAND

Drama histórico britânico de 2023, dirigido pelo brasileiro Karim Aïnouz (A vida invisível, Praia do futuro) e baseado em romance escrito por Elizabeth Fremantle em 2013. Apresenta excelentes interpretações, notadamente de seu par central, Alícia Vikander e um irreconhecível (fisionomicamente) Jude Law, enfocando a época do sexto e último casamento do rei inglês Henrique VIII (que governou de 1509 a 1547), no caso com Catarina Parr. Apesar de que esse monarca ficou muito conhecido pelas seis “esposas” e pela criação da Igreja Anglicana (rompendo, assim, a duras penas, com a Católica), sua importância foi muito além disso, envolvendo também profundas reformas políticas e sociais na Inglaterra, que tiveram grande repercussão no tempo. A filha de Henrique com Ana Bolena, conhecida como Elizabeth I, foi 11 anos depois da morte do pai rainha inglesa por 45 anos, tendo sido seu longo reinado conhecido como Era Elisabetana, porquanto fonte de expressivo incremento cultural e desenvolvimento marítimo. Quanto ao angligacionismo, seu surgimento foi motivado pela paixão do rei por Ana Bolena e o desejo de se divorciar de Catarina de Aragão, com o que a Igreja Católica não concordou, tendo o Papa da época inclusive (Clemente VII) expressamente negado a anulação do casamento. É um filme histórico com enfoques fortes e dramáticos e retrata a época de modo caprichado (incluindo cenários e figurinos), com elementos sombrios típicos, potencializados pela trilha tensa, além de enaltecer entre outros aspectos o lado musical (de compositor) do monarca. Entretanto, o desenvolvimento da ação não é “redondo” e há algumas falhas de roteiro e quebras de continuidade (como a rainha passar as mãos de sangue no rosto e segundos depois aparecer com o rosto limpo…), embora não se trate de pecados de grande monta. No geral uma bela obra e que inclusive acrescenta um novo e talvez inédito fato ao que a história conhece sobre o final do reinado de Henrique VIII. 8,5