RIO BRAVO (ONDE COMEÇA O INFERNO)
Western dirigido em 1959 por Howard Hanks (fecundo diretor de filmes de vários gêneros), com John Wayne e Dean Martin como os xerifes, juntamente com o veterano ator Walter Brennan, que na época tinha mais de 30 anos de carreira, mais de 200 filmes entre televisão e cinema e 3 Oscar de Ator coadjuvante. Atuam no filme também o cantor e compositor Ricky Nelson (Colorado) e o ator Claude Akins (conhecido 20 anos depois como o Xerife-lobo na TV), mas este faz apenas uma pequena ponta. Sem comentários a respeito do título em português: Onde começa o inferno. Mais descabido, impossível (se bem que o original também não é dos mais brilhantes, já que se refere apenas a uma música, porque o filme não tem rio algum). O subtítulo é absurdo porque este faroeste tem alguns dos bons ingredientes do gênero, mas comparando com outros (inclusive com El dorado, a seguir comentado) é praticamente sem inspiração. Um filme sem muita criatividade. Até a metade, pouca coisa ocorre de atraente ou diferente da quase totalidade dos bang-bang. Claro que tudo é uma espera para acontecimentos com mais ação, que geralmente acontecem no final da história, mas mesmo assim a inspiração aqui andou escassa. A presença de Angie Dickinson é que felizmente dá um colorido para a história, que acaba girando com destaque em torno dela e do personagem de Wayne (a atriz tinha 28 anos na época e ficaria conhecida 15 anos mais tarde pela série Police Woman). O filme bate também em uma tecla já manjada no cinema, que é a do viciado que precisa se livrar da bebida para restabelecer a dignidade e aqui também a habilidade com as armas. O que se repetiria sete anos mais tarde em El dorado, dirigido pelo mesmo Hawks, com o personagem de Robert Mitchum (aqui é Dean Martin). E tem algumas cenas ruins, como a do desmaio do xerife depois de descer a escada quase no final, por exemplo (inconcebível diante do personagem e da situação). Entretanto, há instantes marcantes, como o do significado das músicas executadas pelo grupo mexicano no bar e principalmente o dos números musicais dentro da cadeia, com violão, gaita de boca e Dean Martin e Ricky Nelson –ambos mais famosos como cantores do que como atores- cantando típicas e bonitas canções (belíssimo momento). Uma curiosidade pouco comentada: John Wayne pode ser visto em muitos westerns com a mesma camisa avermelhada que usa neste filme. 7,8