SUNTAN
Um filme grego, contando a história de um médico de uma pequena ilha grega (Antíparos), sua rotina monótona e correta e esse ritmo de vida quebrado no verão, pela invasão de turistas na ilha e por um fato particular. O filme é bom porque incomoda! Quem se identifica com ele – na sensação de não-pertencimento, de ser careta, exclusão, rejeição, vontade de ser igual, de aproximar universos diferentes e incompatíveis, timidez, a constatação da juventude irresponsável etc. etc. -, vai sentir certamente muitas sensações incômodas. E quem também já conheceu alguém como quem aparece na vida do tímido médico de meia idade vai compreender perfeitamente e sentir na pele os espinhos do personagem. E nisso reside a qualidade do filme, com seu roteiro e seu excelente intérprete, que na parte final notadamente nos passa o verdadeiro horror do animal enjaulado, transmitindo-nos o triste e ao mesmo tempo o patético. Vemos sentimentos, frustrações, a dor da solidão, a gênese do ciúme e até da violência…Talvez em determinada época das nossas vidas não tenhamos conseguido ver, mas agora contemplamos com clareza o ridículo, a inadequação, o despropósito…ego ferido, raiva, inveja, dignidade a ser restaurada…e nem se pode dizer que a “viagem” é fruto da falta de cultura, da ignorância…é o amor mesmo (ou a paixão, que seja!), cego, raivoso e cruel – tornando ridículo o mais íntegro dos homens – , que causa todos esses dissabores! Inapelavelmente! 8,5