INDIGNAÇÃO
Um filme baseado no livro de mesmo nome do grande e premiado escritor americano Philip Roth. Eu li o livro e foi um dos que eu mais gostei dele. E, claro, não penso que se deva esperar que um filme consiga levar para a tela toda a essência de uma obra literária. Talvez a sua linha principal (o que é o caso), mas creio que sequer esse compromisso o cinema deve ter. A adaptação deve ser livre, embora atraia responsabilidades quando se trata de uma obra com tal complexidade. Neste caso, o resultado foi excelente. Embora adaptar o roteiro de um livro de alto nível não seja tão difícil como criar algo do nada, aqui o filme conseguiu sintetizar ideias de uma forma bastante feliz. Um elenco excelente (o jovem ator Logan Lerman é realmente talentosíssimo), para mostrar a trajetória de um jovem judeu, que naturalmente acaba rompendo com a família para estudar em uma renomada faculdade, longe de casa, em uma época em que diversos jovens americanos estão sendo recrutados para lugar na Coreia. No caso, uma escola conservadora e esse tradicionalismo vai propiciar grandes momentos do filme, pelo choque que provoca, cultural e intelectual, diante do nosso personagem livre pensador, porém jovem e inexperiente com a vida em geral. O filme tem um tratamento seguro dado pelo roteirista e diretor James Schamus, um enfoque que foge do convencional e traz muitas reflexões inclusive a respeito da época (anos 50), da inocência, da intolerância, e da necessidade de o homem se amoldar ou se corromper conforme as circunstâncias, seja no tocante ao seu comportamento, seja quanto às suas ideias. Tudo, porém, acaba trazendo consequências, às vezes imprevisíveis, como surpreendente é o final do filme, que acentua o seu lado emocional ao mesmo tempo em que propicia um fecho realmente impactante. 9,0