NEBRASKA
Este é realmente um filme muito bom. Daqueles que conta uma história, mostra pessoas e situações reais, aparentemente até simplório, mas que guarda algumas surpresas, principalmente da metade para frente, quando tem seu ponto forte. Justamente porque o andamento é lento (talvez alguns não gostem disso), parecendo despretensioso, mostrando paisagens quase imóveis, a rotina das estradas e das pequenas cidades, embora valorizada pela belíssima fotografia em preto e branco…Vemos belas imagens dos Estados de Montana, Nebraska e de quebra Dakota do Sul em uma visita breve ao Monte Rushmore (onde está esculpido o rosto de quatro presidentes americanos), em uma viagem de fuga da rotina e de busca de encontro – talvez um resgate – entre pai e filho (o ótimo Will Forte) e o passado, de descobertas. A partir de um fato que seria patético não fosse pela doença (e quem já teve na família alguém com Alzheimer vai se identificar) tudo se desenvolve e o roteiro surpreende e envolve, com reflexões sobre a vida, a velhice, os laços afetivos, a natureza humana, a efemeridade das coisas e sua real importância. E até sobre a lucidez. Que bom existir a lucidez quando a insensatez começa a tomar vulto. Algumas situações nos tocam (um simples beijo no rosto…), outras são bem divertidas, tudo por conta da boa história, das ótimas interpretações e do excelente condutor, o diretor Alexander Payne (Sideways, Paris te amo, Os descendentes…), que nasceu em Nebraska. E realmente Bruce Dern se destaca e brilha, no melhor papel de sua carreira e por isso foi indicado ao Oscar de Melhor Ator. E Nebraska concorre também aos Oscar de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original, Melhor Fotografia e Melhor Atriz Coadjuvante (June Squibb). Pelo gênero e pela forte concorrência, acho que como filme não tem chance, mas é uma realização bem acima da média e com sobras de competência e sensibilidade: sob o ponto de vista de mostrar o que realmente importa na vida, o filme é admirável. 8,8