ARGO
Um filme de primeira linha, rico nas abordagens (política, histórica, religiosa…) e que exigiu muita pesquisa e arrojo do agora reconhecidamente talentoso diretor Ben Affleck (que também atua) – em plena maturidade como cineasta -, retratando um episódio que ocorreu em 1980, durante o governo Carter, envolvendo a CIA e a libertação de reféns americanos no Irã, na época da Revolução Islâmica. Para tentar libertar os reféns, a CIA (leia-se o agente Tony Mendez) propôs uma estratégia absolutamente inédita e de extrema ousadia. Para quem não sabe, não vale a pena contar se o final foi ou não feliz, mas por mais que se conheça a história, ainda assim se trata de um filme de fôlego e emocionante, pois um dos méritos do diretor é o de imprimir tensão e suspense durante praticamente todos os momentos do filme, fazendo com que o espectador não desgrude os olhos da tela, inclusive pela trilha sonora palpitante, embora discreta e não manipuladora (não direciona os sentimentos de quem assiste…). Importante ressaltar que a realidade da missão em Teerã só foi revelada ao mundo 17 anos depois, no governo Clinton, até então permanecendo a versão que na época foi divulgada e que era a que interessava politicamente, inclusive para impedir atos de vingança e terrorismo contra os EUA. Filme que poderá concorrer a vários Oscar (no início de 2013), pois tem um ótimo e enxuto roteiro, elenco equilibrado e seguro e faz uma primorosa reconstituição da época (inclusive nos detalhes dos fatos, cenários, figurino, a fotografia perfeita para evocar a década), tendo Affleck chegado à minúcia de buscar atores e atrizes parecidos com os personagens reais, conforme se pode constatar durante os créditos finais, quando aparecem fotos das cenas reais em comparação com as do filme. O elenco é capitaneado pelo próprio diretor, acompanhado do excelente Brian Cranston (ator premiadíssimo com a série Breaking Bad) e tendo o chamado alívio cômico – rápido, porém – nas figuras dos ótimos John Goodman e Alan Arkin. Para finalizar, falhas realmente não são perceptíveis no filme e o Tony Lopez (agente da CIA) apresentado por Ben Affleck não compromete, interpretado de forma fria e contida…mas se algo pudesse ser mudado, eu optaria por um ator que imprimisse um pouco mais de emoção ao personagem, única ressalva. 9,0