WHERE´D YOU GO BERNADETTE

Este filme, dirigido por Richard Linklater (Antes do amanhecer…Boyhood…) e com roteiro adaptado, é meio estranho em todo o seu início. Mas isso ocorre mais em razão da personagem, uma arquiteta. Do modo de se comportar, da casa onde vive com o marido e filha. Mas essa estranheza é que pouco a pouco torna o filme fascinante. E valoriza o excelente trabalho de Cate Blanchett. Quais os limites da sanidade? Até que ponto uma pessoa pode ser excêntrica, exótica, pensar e agir diferente da grande maioria, para ser considerada normal ou louca? Qual a melhor terapia para um pequeno desvio de conduta? Como reconhecer a normalidade, afinal? Um pequeno ingrediente faltante restabelecerá o equilíbrio? A história, que nos provoca de início apenas uma relativa passividade, repentinamente se torna chocante e nos deixa impactados. Quando alguém está acuado e parece inocente, esse fato é realmente assustador. Do meio para o final, contudo, o filme assume novos tons. O drama se transforma em um misto de aventuras. E são inseridos até, em meio a paisagens belas e singulares (embora da Groenlândia e não da Antártida ou Polo Sul), momentos previsíveis, comuns a vários filmes do gênero (aquela “água-com-açúcar” típica das comédias americanas). Mas esses fatos dentro do contexto geral em nada prejudicam ou contaminam o conjunto -talvez até contribuam para o encontro das cores mais adequadas à mensagem pretendida. Porque, afinal, as lições a serem extraídas dizem respeito à adequação, à comunicação e confiança, à união familiar! De todo modo, um filme por certo aspecto bem diferente do trivial e que vai agradar pelo menos a determinada faixa do público. Tem potencial, pela parte final, de agradar inclusive às famílias. E quem se sensibilizar, irá ter uma ótima experiência humana e se emocionar bastante (aliás, a relação mãe-filha é vital nesse contexto).  8,5