SUBMERSÃO

O que este filme parece ser à primeira vista não é. O estilo nos engana. Parece algo banal, do tipo que passa em sessão da tarde, mas é bem diferente. Vamos percebendo que se trata de algo mais elaborado, mais profundo e de um gênero que não é o que esperávamos. A dica poderia quem sabe ser dada pela dupla de protagonistas: ele, James Mc Avoy, aqui muito bem, até já fez alguns filmes “meia boca”, mas ela, Alícia Vikander ultimamente não anda se metendo em fria e já demonstrou ser uma excelente atriz. Mas a pista definitiva é o diretor, pois se trata de Wim Wenders e dele não se poderia esperar nada trivial ou pelo menos nada mal feito. Este cineasta, dramaturgo, produtor e fotógrafo alemão já fez muita coisa na vida (Asas do desejo, Paris Texas, O sal da terra, O amigo americano, Buena Vista Social Club, Cidade dos anjos…) e agora, setentão, se dá ao luxo de apresentar uma história que sem pressa nenhuma vai construindo a seu gosto fatos, que depois se tornam histórias paralelas e que criam um suspense excelente, deixando o espectador absolutamente sem saber o que pensar e o que vai acontecer, tanto no mar, quanto no Islã. Com belíssima fotografia, o filme foi exibido no último festival de Toronto e constitui algo que realmente não é para todos os gostos (a maior parte da crítica e dos espectadores não apreciou muito), mas que muitos vão saborear, reconhecendo muitas qualidades facilmente perceptíveis, uma delas – e que não é pouco – a de ser algo bem diferente do que o dia a dia nos oferece no mundo do cinema.  8,5