RITA LEE – MANIA DE VOCÊ

Um excelente documentário, tanto na abrangência, quanto na profundidade, mostrando, mediante reportagens e depoimentos valiosos, a importância de Rita Lee para a música brasileira, para o rock nacional, enfim. Vemos desde o seu surgimento no 3º Festival de Música Popular Brasileira da TV Record (1967), integrando o grupo “Os Mutantes” – que acompanhou Gilberto Gil na música “Domingo no parque” – passando por toda uma longa trajetória, com períodos de sucessos regulares e também de seus grandes êxitos, também se espraiando – e muito – pela vida pessoal da cantora e compositora, até os tempos mais difíceis, em que a saúde já passou a reclamar delicados cuidados. Nos encantamos com o talento e a originalidade de quem corajosa e autenticamente ousou inovar na música e nos costumes da MPB e do Rock nacionais, inclusive como autora e como intérprete, sempre com muita personalidade, mas também com o importante apoio do generoso e igualmente talentoso músico Roberto de Carvalho, com quem sempre manteve um relacionamento invejável de parceria, em todos os sentidos. Interessante que a impressão que toda essa vasta e fundamental obra dá, é que grande parte dos roqueiros brasileiros de sucesso simplesmente copiou o estilo de Rita, ou seja, de que tudo saiu dela; e por outro lado, vem a certeza de que muitos que ganharam fama ficaram devendo a ela o aprendizado, além da coragem e da irreverência. O rock brasileiro certamente deve muito à Rita e este documentário dirigido por Guido Goldberg (co-roteirista junto com Julián Troksberg) tem o mérito de se limitar ao tom exato, ao absolutamente necessário e suficiente, inclusive mostrando períodos negativos da biografia da “Rainha do rock” (pelo que consta, ela não gostava de ser assim chamada, preferindo o termo “Padroeira da liberdade”). Quanto a eventuais lacunas que o documentário teria deixado abertas (conforme algumas críticas…), penso que cabe dizer apenas que ninguém é obrigado a fazer nenhum trabalho artístico para contentar críticos e sim meramente para satisfazer o seu próprio espírito. 9,2

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