PARENTE É SERPENTE (PARENTI SERPENTI)

Uma comédia italiana de 1992, dirigida por Mário Monicelli (Meus caros amigos, Os novos monstros, O incrível exército de Brancaleone) e mais profunda do que aparenta de início, a partir da apresentação e narrativa do menino: porque apesar de provocar risos retratando com cores muito reais (embora cômicas) as tradições e costumes italianos, de outro lado destila boas doses de acidez e humor negro, ao fazer um pungente estudo das relações familiares e do submundo de seus membros. O filme expõe e escancara facetas incômodas de uma realidade que se oculta sob o verniz do trivial festivo, fazendo-o com forte tempero, principalmente após um determinado comunicado feito pela matriarca à família, na segunda metade do filme. Na verdade, trata-se de uma reunião familiar na casa do Nôno e da Nôna, para comemorar o Natal, com a presença dos filhos, filhas, cônjuges e netos, onde, junto com o afeto (e os presentes), as línguas, trejeitos e a gastronomia, afloram tanto as características individuais, como os excessos sociais, marcados pelos comentários maliciosos, segredos (inclusive picantes) e revelações inesperadas. A harmonia do elenco é notável, bem como as atuações individuais (bastante singulares), em uma integração e movimentação tão intensa, quanto natural, o que confere também um mérito indiscutível a Monicelli, pela magistral direção desses atores e atrizes. Sob a forma de comédia, um belo estudo da natureza humana e ao mesmo tempo uma implacável crítica social, que termina de forma surpreendente. 9,0