O ÚLTIMO PISTOLEIRO (THE SHOOTIST)
Dirigido pelo excelente Don Siegel, este western produzido em 1976 nos EUA tem um significado especial e bastante emocional: o ator John Wayne vivia na vida real o mesmo drama que o seu personagem, o pistoleiro em fim de carreira enfrentando um tumor. E em muitas cenas, de fato, a gente sente que o desconforto do personagem é o do próprio ator; aliás, alguns diálogos foram incluídos por esse fato. E esse mito do cinema, ídolo do faroeste americano (entre outros gêneros), viria a morrer do câncer de estômago – após anos antes ter tido câncer de pulmão – três anos depois, sendo esse seu último filme. Dizem que John Wayne se preocupava tanto com a imagem que dele tinham os americanos, fãs de cinema, que fez o diretor alterar o roteiro, retirando uma cena em que o protagonista atira em um adversário pelas costas, ato no seu entender de grande covardia e que nunca havia praticado nos seus mais de 250 filmes. Além de John, também estão no filme grandes atores como a excelente Lauren Bacall, James Stewart, Richard Boone e John Carradine, entre outros. Merece também destaque a história do filme, que se passa no início do século XX, em um tipo de fronteira temporal entre o Oeste dos foras-da-lei e da barbárie (o Velho Oeste, ainda com seus resquícios) e o Oeste da modernização, da mudança dos costumes rumo à civilidade. De ruim no filme mesmo só o “sangue”, muito mal feito, parecendo uma tinta grotesca manchando as roupas após as feridas com tiros. 8,5