O ÚLTIMO DUELO

Fazia tempo que não aparecia um filme sobre cavaleiros medievais dessa qualidade. Se é que já teve um filme desse nível, pois aqui temos um exemplo de um verdadeiro “filmaço”, principalmente a parte final do filme, que é espetacular, tanto no desfecho da história, como na empolgante e extremamente bem orquestrada cena do duelo. Aliás, com um diretor como Ridley Scott não se poderia esperar algo muito diferente (Blade Runner caçador de androides, Alien, Gladiador, Robin Hood etc). Mas o filme todo é extremamente bem cuidado, uma produção impecável, sob o ponto de vista histórico, político, técnico, com fotografia, direção de arte, som, edição de primeiro mundo. Os fatos se passam no século 14, época do rei Carlos VI, que assumiu o trono a partir dos 12 anos, e vemos inclusive a Notre Dame antes da inauguração e uma Paris de 1300 e tantos reconstituída com impressionante fidelidade ao que contam os livros. Mas o roteiro é também bastante rico, com muitos trechos literários a serem apreciados, inclusive dentro de um contexto feudal e em que o papel da mulher quase que se resumia a dois fatos: ao dote e à maternidade. Uma frase: “O direito não existe, o que há é o poder dos homens”. Além das cenas de ação extremamente bem feitas e emocionantes (o som do filme é de alta qualidade e elemento indispensável para que se deguste totalmente de seu conjunto), há a ótima presença de Matt Damon, Ben Affleck e da bela atriz Jodie Comer, famosa ultimamente por protagonizar na TV (e ser premiada !) a série Killing Eve, além de Adam Driver, que para muitos é um bom ator, mas para mim é apenas alguém que faz o papel de modo correto e não atrapalha, mas isso é opinião pessoal, claro. Para terminar esta resenha, é também importante destacar que o filme é, de forma interessante, dividido em três capítulos, cada qual apresentando o ponto de vista de um personagem em torno de um fato que será o central do drama; como seguindo um antigo provérbio chinês, que dizia que para cada acontecimento sempre havia três versões: a minha, a sua e a verdadeira. 9,3