O PROFETA (UN PROPHÈTE)
Filmaço francês de 2009, que aborda de forma crua e sem concessões o universo prisional e cujo título em português poderia ser perfeito se preservasse o original e utilizasse o artigo indefinido ao invés do definido (o qual não tem sentido diante do contexto em que o apelido de “profeta” aparece). Mas esse é um detalhe menor, porque temos aqui uma belíssima obra de Jacques Audiard, que também dirigiu outros ótimos filmes, como Ferrugem e osso e recentemente Emília Perez. Alguns questionam sua duração, de pouco mais de 2h 30min, mas a verdade é que seu ritmo e intensidade prendem totalmente o espectador e não se percebe o tempo passar. Ganhou o Grand Prix (Grande Prêmio do Júri) no Festival de Cannes de 2009, concorrendo com obras como Bastardos inglórios e O anticristo, e sem que se possa falar em injustiça, porque possui um roteiro complexo (com subtramas) e denso, entre outras virtudes, entre as quais a direção/edição e o excelente elenco, com destaque para a magistral interpretação de Tahar Rahim, além da competência e profundidade habituais de Niels Arestrup. Grande qualidade do filme é o seu realismo e em razão dele há cenas realmente impactantes e violentas, não sendo de visão aconselhável para todo tipo de público: mostra a adaptação do protagonista à vida prisional – onde a grande parte do filme se passa -, com tudo o que isso implica, ainda mais considerando a existência de grupos/gangues rivais (principalmente de corsos e muçulmanos). A metamorfose do protagonista ao longo da história, bem como sua luta moral principalmente, são brilhantemente expostas por Ranim e o filme se mostra coeso em todo o desenrolar da história, embora contenha certa aridez, que pode, vez ou outra desagradar, conforme o estilo de cada espectador. 9,2