O PODEROSO CHEFÃO 2 (revisão – original editado)

Um poderoso filme com elenco brilhante, assim como direção, edição, fotografia, direção de arte e a música de Nino Rota ainda com mais destaque. Seguindo o comentário feito no primeiro filme, ainda há debates sobre qual das duas partes é a melhor, sendo esta segunda produzida dois anos após a primeira (portanto, em 1974). O fato é que esta parte depende da anterior e por esse motivo não deve ser analisada como algo independente. Tudo aqui deriva dos fatos já vistos no primeiro filme e é até mesmo impossível apreciar como se fosse um filme independente e único, ou seja, dissociar os acontecimentos que estão intimamente vinculados. Seja como for, aqui tanto Al Pacino (Michael Corleone) como o estreante Robert de Niro (Vito “Corleone” Andolini) estão estupendos e se aprofundam os dramas, sendo mostradas diversas e pesadas consequências do crime e das rivalidades entre “famílias” na disputa pelo poder, bem como as severas investigações e investidas do governo em face do crime organizado. E o filme desfila com maestria dois focos de ação distintos, inclusive geograficamente e dos quais podemos deduzir inúmeras conotações e subtextos (como a imigração nos EUA, as classes dominantes etc): de um lado, o crescimento do império e do poder de Michael (com as naturais rivalidades com as demais “famílias” e sua ambição de ser o único capo; e do outro, retrocedendo no tempo, o surgimento de Vito Corleone, começando a história no início do século 20 na Itália, com o menino de 9 anos e seu crescimento, com dramas diversos, seguindo a trajetória de jovem já em Nova Iorque, onde começaria a formar um império, conquistando o respeito em sua volta, mesmo como imigrante italiano, por conta de sua personalidade, temperança, sagacidade, força e destemor. No colo do personagem de De Niro (que futuramente será de Brando), já vemos Michael criança e de mãos dadas com ele o filho mais velho Fredo, em torno do qual o futuro reservará uma história forte e nebulosa. Razões do destaque também para o ator John Cazale, que protagoniza como Fredo alguns momentos dramáticos de grande importância na trama. Outro destaque deste filme – e também do anterior – é o magnífico personagem construído por Robert Duvall, o advogado da família. O roteiro desta segunda parte parece ser bastante coeso e maduro, talvez até com uma desenvoltura maior do que o seu antecessor. Porém, como já dito, seria injusto e mesmo inviável analisar este segundo filme sem a existência do original e não há como comparar os personagens interpretados por Marlon Brando e Al Pacino, dois atores brilhantes, mas que deram enfoques totalmente diferentes a Don Corleone e a Michael Corleone, seus imortais personagens. Se bem que Pacino neste segundo filme é efetivamente um rei e reina o filme todo e não em alguns momentos como Vito no primeiro. Mas mesmo brilhante, surpreendentemente não ganhou o Oscar de ator, que lamentavelmente foi para um tal de Art Carney, por um filme do qual ninguém nunca mais ouviu falar chamado Harry and Tonto. Entretanto, o lado positivo é que desta vez Coppola conseguiu ganhar o Oscar pela direção e o filme reprisou os do anterior, de Melhor filme e Melhor roteiro, sendo ainda vencedor nos prêmios de Melhor ator coadjuvante (Robert de Niro) e Melhor Direção de Arte. 10,0