O PODEROSO CHEFÃO (revisão – original editado)

Este filme de 1972 figura com grande destaque – inclusive em primeiro lugar – na maior parte das listas dos melhores filmes da história do cinema e certamente por merecimento, notadamente em obras envolvendo o tema da Máfia (no caso, italiana). Na verdade, acabaram sendo três os filmes dirigidos por Francis Ford Coppola e que contam a história (e a saga) da família Corleone, baseada em livros de Mário Puzo, escritor americano (co-roteirista do filme) e este foi o primeiro. Inclusive ainda hoje se debate para eleger qual o melhor filme da trilogia: este ou sua continuação (que na cabeça do diretor não haveria). Tanto o roteiro, quanto a produção e todos os detalhes técnicos, possuem inegável qualidade, mas não há como deixar de destacar também um elenco composto simplesmente por Marlon Brando, James Caan, Robert Duvall, Al Pacino, Robert De Niro, Diane Keaton e John Cazale, entre outros. Entretanto, este marco do cinema e da carreira do diretor possui dois detalhes especiais que o consagraram definitivamente:  a trilha sonora de Nino Rota (duas músicas fundamentalmente) e o personagem construído por Marlon Brando, Don Vito Corleone (com características físicas marcantes e inolvidáveis), que ficou para sempre marcado. Diga-se até que a música-tema (“Speak softly love”) – e que toca a primeira vez nas cenas da Itália – é realmente tocante/belíssima e a partir de sua primeira audição passa a emocionar a cada vez em que é ouvida. Um filme forte, violento e que mostra além dos fatos criminosos e típicos mafiosos, o contraste entre a pacata vida em família (a boa, grande e tradicional família italiana) e o crime organizado. Por conta desses dois aspectos paradoxais diversas cenas se tornam importantes, sendo inesquecíveis a da festa no início do filme (e os “favores” do padrinho como contraponto), a cena do cavalo de raça do diretor de cinema, a do restaurante – que definiu o destino de um dos filhos do padrinho – e a da parada no posto com a cancela; entre outras. Em 1973, o filme ganhou os Oscar de Melhor filme, Melhor roteiro adaptado e Melhor ator, neste aspecto ficando famosa a recusa do prêmio pelo sempre polêmico Marlon Brando, que enviou em seu lugar à cerimônia uma ativista de origem apache, que acabou inclusive fazendo um discurso – pelo tempo que lhe foi permitido -, para surpresa e certa consternação dos organizadores e de muitos dos presentes. Por fim, cabe observar que existem dezenas e dezenas de detalhes curiosos e relevantes cercando a produção deste filme e que valem a pena ser conhecidos por todos, começando pelo orçamento (foi de mais de 6 milhões de dólares, porém faturou quase 30 vezes isso só nos EUA e nos meses de lançamento), a escalação do elenco (e a recusa inicial de Al Pacino, que acabou sendo ótimo e no segundo filme brilhou intensamente) e o próprio roteiro e produção, cercados por inúmeros problemas, inclusive com a própria Cosa Nostra, além da questão envolvendo um famoso cantor americano, que estaria sendo retratado no filme: todos esses fatos são abordados na excelente série de TV “The offer”, que trata justamente dos bastidores desta inesquecível e histórica produção.  10,0

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