O MANTO SAGRADO (THE ROBE)
O cinema já produziu muitos filmes bíblicos/épicos, notadamente nas décadas de 50 e 60, sendo o primeiro famoso Sansão e Dalila, de 1949 (quase década 50), com o mesmo Victor Mature que aqui atua como Demétrius (como Sansão). Alguns dos outros filmes foram Quo vadis (1951), Os 10 mandamentos (1956), Ben Hur (1959), Spartacus (1960), Cleópatra (1963), A maior história de todos os tempos (1965) e A bíblia (1966). Mas este filme foi um dos que mais fizeram sucesso em sua época, pela magnitude da produção (direção de arte, figurino, o primeiro filme feito em widescreem), pelo elenco e pela própria história, repleta de significados religiosos. Possivelmente, quanto mais o espectador for religioso, mais apreciará o filme e se emocionará, mas de modo merece registro pela sua importância histórica para o cinema e também pelo elenco que dele participa (os principais): além de Mature, um ator forte e de presença, Richard Burton, já mostrando muito carisma em que pese ser o seu segundo ou terceiro filme apenas (faria depois Cleópatra, A megera domada, Quem tem medo de Virgínia Woolf, entre outros) e Jean Simmons: ela teve longa carreira no cinema e na TV posteriormente, estrelando entre outros Da terra nascem os homens, Spartacus, Entre Deus e o pecado e fazendo a personagem Fiona Cleary na famosa minissérie Pássaros feridos). O diretor foi Henry Koster, alemão radicado nos EUA (Um anjo caiu do céu, Harvey). O filme é um drama supostamente histórico, com ação e romance (e maravilhosos cenários), que fala da crucificação de Jesus e de um tribuno romano (Burton), fazendo um painel da Roma da época de Tibério e depois de Calígula – o filme aponta este como filho daquele, mas, segundo a história, Calígula era filho de Germânico (também pai de Nero), sobrinho de Tibério. Há obviamente referências bíblicas muito importantes no filme, como a história inicial do cristianismo, a traição de Judas, a negação de Jesus (3 vezes) por Pedro e muitas mais. O título do filme se refere ao manto que Jesus usava quando foi crucificado e que vai assumir importante papel na fé e nas crenças dos personagens. Foi indicado também aos Oscars de Melhor filme, ator e fotografia, mas ganhou os de Figurino e Direção de Arte. O filme tem um início ótimo, inclusive com os diálogos bastante atraentes e prendendo o espectador no enredo, mas depois de um certo tempo arrefece um pouco e em certos momentos sofre algumas quedas de roteiro e de interesse. De todo modo, é uma obra que merece destaque pelo contexto todo e que vai agradar inclusive os nostálgicos, de uma época conhecida como a de ouro do cinema. 7,7