O CRÍTICO (THE CRITIC)

Instigante, surpreendente, imprevisível, sofisticado, às vezes sombrio e com vários subtemas inquietantes, este thriller dramático foi adaptado do romance de Anthony Quinn e apresenta uma interpretação magistral de Ian McKellen, no papel de um poderoso crítico de teatro do Daily Chronicle, da Londres da década de 30. E valorizando a atuação do grande ator, o close up é recurso abundante na filmagem de belíssima fotografia. O som também é excelente, assim como a direção do inglês Anand Tucker e a performance do elenco, com destaque para Mark Strong e para Gemma Artenton, que dentro dos seus limites apresenta um desempenho convincente. Lesley Manville também está ótima como sempre, sendo insuficiente apenas a interpretação de Alfred Enoch, como o assistente do crítico (inexpressivo). O filme explora as sutilezas do poder da imprensa (e a hereditariedade desse poder) e especificamente de um crítico de arte, capaz de, em breves instantes (em sua famosa coluna), catapultar ou sepultar o destino de carreiras. Mas não é só isso e sim muito mais: o próprio personagem principal evolui como figura manipuladora, ambiciosa, sendo ao mesmo tempo cativante e odioso e em torno dele gravitam os demais dramas, de corrupção, de luxúria, dos jogos de interesse, além dos costumes e exigências sociais, a divisão de classes, a ascensão fascista, o preconceito especialmente em face do homossexualismo etc. Um filme rico e de qualidade inquestionável, embora seu tema, ritmo e desenvolvimento possam não agradar alguns. Mas é uma espécie cinematográfica que faz falta nos dias de hoje, um filme que praticamente não se vê mais: roteiro sólido, temas variados e aprofundados e interpretações com grande destaque, tudo emoldurado por um lado técnico acurado (som, imagem, cenografia, direção de arte, edição). 9,1

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