MANCHESTER À BEIRA-MAR (2016)

Logo na primeira cena do filme, ao fazermos o primeiro contato com o personagem Lee Chandler (interpretado de uma forma marcante por Casey Affleck, que ganhou o Oscar 2017 de Melhor ator), não podemos deixar de pensar que se trata de alguém estranho, introvertido, esquisito como algumas pessoas que a gente conhece, de mal com a vida, e que certamente deve ter tido algum problema para ter ficado assim, tão rude e antissocial. Ao longo do filme, em flashbacks muito bem inseridos e elaborados, ficamos conhecendo a origem da amargura de Lee e que deixa muito para trás a razão que pensamos ser relevante no início do filme, qual seja, a de ser explorado pelo patrão nos serviços que presta de “faz-tudo”. E o filme, com a excelente direção de Kenneth Lonergan (Margaret, Conte comigo), indicada ao Oscar, vai nos conduzindo pelos fatos do presente – e que também são dramáticos – e ao mesmo tempo lançando luzes cada vez mais brilhantes do passado, compondo um roteiro de grande qualidade – como é a edição do filme e a performance de todo o elenco, que inclui os ótimos Lucas Hedges (O retorno de Ben, Lady Bird), Michelle Willians (sempre ótima, a baixinha de Dowson´s Creek) e Kyle Chandler, entre outros, também apresentando Tate Donovan, com a presença surpresa de um ator muito querido e que aparece mais no final (sem spoiler). Por sinal, o roteiro, também de Lonergan, ganhou o Oscar 2017 de Melhor roteiro original. Um filme forte, contendo dramas chocantes, mas que transcorre dentro de um realismo tal, que passa ao espectador a verdade do que é visto e toda a atmosfera tanto dos lugares (com bela fotografia), quanto dos personagens. Graças ao elenco, ao roteiro e à direção/edição, o todo forma um conjunto verossímil e redondo, sem arestas para serem aparadas. Em resumo, uma obra muito bem acabada, mas para ser apreciada com os olhos amplos da vida, que tanto nos traz momentos felizes, como também os dolorosos. O filme teve no total 6 indicações (além de ator e roteiro – que ganhou – as de filme, direção, atriz e ator coadjuvante). 9,2

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