L´AFFAIRE SK 1
Um excelente policial francês, apenas econômico em termos de ação, mas porque se trata de um filme investigativo. Mesmo assim, pelo ritmo e pelo suspense, pode ser enquadrado na categoria de thriller. Acompanha vários casos de assassinatos não solucionados ao longo de vários anos e a investigação da polícia em busca da conexão entre esses fatos e também do assassino ou dos assassinos. Com maestria, o diretor Frédéric Tellier conta a história, de uma maneira que nos faz seguir com interesse e curiosidade as investigações, mostradas de uma forma objetiva, mas realista e inteligente. Ficamos inclusive instigados quanto à suspeita de se tratar de apenas um assassino, um serial killer, responsável por todas as mortes, geralmente na parte leste de Paris e sobre quem seria ele. O filme não mostra as cenas dos assassinatos, preferindo ser sutil quanto a isso, embora choque pelos momentos posteriores a cada crime (pois mostra os cadáveres das moças nuas, expostos às fotos e aos exames dos legistas – aqui já se constata não ser um filme para todos os gostos). Não é um filme totalmente linear, mas quando mostra fatos do passado o faz com muita propriedade e sem qualquer quebra de coerência ou de interesse. O roteiro também tem o mérito de aprofundar não só as ações policiais, mas também de escancarar alguns conflitos dentro da própria polícia e principalmente o impacto/estresse que o dia a dia (frustrante) dessas investigações vai causando nas pessoas e nas vidas dos agentes. E um dos policiais, principalmente, recebe o foco da atenção, porque foi o que nunca deu trégua na busca do chamado SK1 (SK=“serial killer”). O filme é extremamente bem feito e na parte final se torna ainda mais forte e realista, trazendo algumas cenas marcantes, como o diálogo do suspeito, primeiro com a advogada e logo depois com o jovem policial, e principalmente o diálogo final, entre esse acusado e seu advogado (com reflexos nos presentes), que também provoca bastante emoção no espectador, tal a intensidade dramática quanto ao desempenho dos atores, principalmente do acusado (Adama Niane), digno de um Cesar (Oscar francês). O elenco, aliás, é todo ótimo. Baseado em fatos reais, como de praxe o filme nos créditos finais revela o destino dos principais personagens, inclusive do que ficou conhecido como “A besta da Bastilha”. 9,0