KISS ME (KYSS MIG)
Este filme escandinavo de 2011 aborda uma questão atual e incômoda para muitos. E que, a princípio, não deveria mais ser tão polêmica, ainda mais em um país como a Suécia, tido como de primeiro mundo. Mas a realidade é resistente aos preconceitos que nascem, crescem e permanecem orbitando mesmo em torno das populações ditas mais evoluídas. Parece natural e inseparável dos humanos, por mais que o tempo passe e as civilizações em tese se aperfeiçoem. E o tema, afinal, é universal, aqui sendo abordado com sensibilidade e sem cair na banalidade. O que torna o filme interessante e é, afinal seu mérito, considerando que o roteiro não tem novidades e é uma repetição de temas já retocados e reiterados. Diretora competente e também ótimas intérpretes, suecas, se destacam, assim como uma trilha sonora e fotografia caprichadas, tudo bem harmonioso e sendo apresentado de um modo que além de nos colocar frente a frente com nossos medos e contradições, também nos possibilita uma reflexão sobre o que no fundo realmente importa, para combatermos a hipocrisia social e encontrarmos, afinal, a nossa própria voz. A abordagem de bom gosto também nos permite contemplar a dor e o sofrimento, mas apesar disso também reafirmar a necessidade da lealdade nos relacionamentos. E apesar dos momentos de melodrama, o filme não nos nega a realidade que parece impor a todos, cada vez mais, no compromisso com a verdade e na busca pelo amor e pela nossa felicidade, que por serem tão difíceis de encontrar, certamente mereceriam de cada um mergulhos muito mais profundos. 8,0