INTOCÁVEIS
Filme francês de 2011 que bateu recordes de bilheteria na França. Apesar de ter uma dinâmica diferente dos filmes franceses usuais, alguns encontram explicação no sucesso do filme pela crise atual que vive a Europa, havendo um grande simbolismo na figura do milionário paralítico e do senegalês que dele cuida. Porque de certa forma o filme nada apresenta de novidade, só tem uma roupagem nova para clichês antigos, envolvendo amizade, superação etc. Mas mesmo assim é um filme delicado, poético, muito bem dirigido e com interpretações brilhantes de François Cluzet (muito parecido com Dustin Hoffman) e Omar Sy. Durante os créditos finais, por alguns segundos, aparecem os personagens da vida real. É um filme leve e que só muda um pouco esse tom quando trata das origens, da realidade fora do paraíso: não esquecer das origens é primordial, assim como dos contrastes e a mensagem pode ser a de que a solução seja a aproximação das diferenças para que se estabeleça, então, a troca legítima. Enaltecido pelo talento e a sintonia dos dois atores, há alguns diálogos e cenas saborosos, como a da dança, a da barba sendo feita (e moldada de modo sacana) aos poucos…Mas o roteiro de modo algum cai na pieguice, em razão da dignidade e da verdade que contém: com o paralítico, o negro pode ser ele mesmo, na essência de sua pureza, sem se contaminar com os problemas que sempre o afligiram e à sua raça e país; com o negro, o paralítico pode ser inteiramente livre e acreditar na natureza humana sem malícia e na afeição legítima que um ser humano pode ter pelo outro e no simples prazer de se desfrutar de uma boa companhia. Desse tipo de mensagem já vale a pena nos deixar contagiar. 8,0