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I AM ALI

i-am-ali-posterEle foi altivo, tagarela, insolente, provocador, sobretudo polêmico. Este documentário foi feito em 2014, quando Ali estava com 72 anos (e 9 filhos) e desde há muito sofria do Mal de Parkinson – desde que resolveu voltar ao boxe, com quase 40 anos. O filme faz um retrato do extraordinário lutador peso pesado falecido neste outono de 2016 – com depoimentos pungentes, sendo um deles de Mike Tyson, que se revela frágil perante o maior ídolo -, mas também apresenta um painel do ser humano, do homem que corajosamente adotou de um dia para o outro a religião muçulmana e se intitulou o representante da raça e de todos os irmãos e como rei do boxe. Que foi quando mudou o nome de Cassius Clay para Muhhamad Ali. Estilo canastrão, não revelava o ser humano que era por trás desse teatro todo, que incorporava misturando as brincadeiras com o jogo sério e que acabava desconcertando todos ao redor, como fazia com seus adversários no ringue, a ponto de Foreman dizer, semana passada, quando morreu o ídolo, que “foi embora a melhor parte da minha vida”. Pois a luta com Foreman foi uma das mais extraordinárias do boxe e a maior lição na vida de quem se considerava imbatível (e que ia ganhar fácil do falastrão Muhhamad), pois Ali apanhou muito durante os cinco primeiros rounds, para depois, pouco a pouco, mas inapelavelmente, derrubar o gigante e colocar à lona o perplexo adversário, que ficou sem forças de tanto bater e totalmente esgotado viu-se simplesmente esmagado. Admirável o depoimento desse lutador, assim como o do filho de um grande adversário: Frazier, entre outros, verdadeiros e por isso tocantes. Corajoso o ídolo, quando, convocado pelo governo americano, declarou que não iria para o Vietnã, mesmo perdendo seu título e correndo o risco de prisão civil: “Não vou viajar 16 mil quilômetros para matar inocentes”. Os momentos com a esposa e com a filha, porém, constituem grandes momentos, porque revelam a parte do  homem de família, do homem que chorava, daquele que era admirado apesar dos defeitos, justamente porque amava os seus, unia todos os familiares para que confraternizassem, tendo gravado em áudio valiosos documentos para a posteridade: inúmeras fitas, em gravador de rolo, registrando os momentos de crescimento de sua filha de 3 anos, em que se ouve a menina, a partir dos 3 anos ou menos, aprendendo e se divertindo com o amoroso pai. Um documentário que a par de manter elevado o grande esportista, revela muita coisa bonita, comovente e importante por trás do mito. 8,5