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HOMICÍDIO (HOMICIDE)

Este é um thriller policial de 1991, cujo título original, simples e inteligente, tem duplo alcance: refere-se tanto a crime, quanto ao departamento que o investiga. E é um filme surpreendente. Mas ainda porque começa meio em banho-maria, mostrando apenas a realidade policial que estamos acostumados a ver em dezenas de produções, parecendo realmente não ter pretensões além do trivial: tiras neuróticos, cínicos, sem tempo para nada a não ser tratar a criminalidade e assim por diante, embora se note que a produção tem um bom e bem cuidado ritmo. Somos apresentados a alguns fatos criminais e aos dois protagonistas, no caso interpretados por uma dupla de grandes atores: Joe Mantegna (Lances inocentes, O jogo de emoções) e William H. Macy (Fargo, De porta em porta), este último um coringa nos papéis que já assumiu no cinema, embora aqui não esteja especialmente brilhante, mas pelas limitações do próprio personagem. E nos preparamos para os clichês de sempre. Entretanto, assim não ocorre e repentinamente tudo se transforma: o personagem de Joe, que ia evoluindo com seu jeito manso, embora cercado de algum mistério, passa a apresentar imprevisíveis e ricas facetas, como o próprio roteiro se torna profundo e inesperadamente tenso e empolgante. E a história se torna forte, surpreendente e fascinante. Certamente também graças ao elenco afinado, mas muito ao roteirista e – mestre – diretor David Mamet (A trapaça, O sucesso a qualquer preço, O jogo de emoções). 9,0