FÚRIA DE BRUTOS (GUNFIGHT AT COMANCHE CREEK)

Quem lê o título original pode achar que este western de 1963 envolve índios comanches. Engano. “Comanche creek” é simplesmente o nome de uma cidade do Velho Oeste, onde os fatos acontecem. Claro que “O riacho dos comanches” significa um passado que se imagina intenso, envolvendo os índios, mas este filme é apenas de homens brancos, na antiga batalha do bem contra o mal, leia-se a lei (xerife e agentes do governo) contra os malfeitores (assaltantes e assassinos).  O “mocinho” é Audie Murphy, ator que participou de muitos faroestes nas décadas de 40 a 60 (segunda consta, 33) e que na vida real lutou em várias campanhas durante a Segunda Guerra Mundial, voltando como herói e tendo sido inclusive um dos soldados mais condecorados (20 medalhas). O chefe dos “bandidos” é interpretado pelo ator DeForest Kelley, que quase em seguida ao filme viria a se notabilizar no papel do Dr. Mc Koy na série Jornada nas estrelas. Este faroeste, como a maioria dos estrelados por Murphy, não chega a ser um filme classe A, como se denominavam os westerns mais “nobres”. Mas também não é classe B, categoria dos filmes de baixo orçamento e roteiro pobre. Curiosamente, certa vez Audie Murphy declarou que fizera o mesmo western 30 vezes, apenas com cavalos diferentes. Neste caso, o roteiro pode não ser rico, mas tem seu valor, é movimentado e gira em torno de uma ótima ideia (que é a de todos menos um agirem mascarados nos assaltos – não vou dar spoiler). Outra ideia boa e que na prática ficou interessante é a narração por uma terceira pessoa. O enredo tem vários elementos comuns a todos os faroestes, mas algumas de suas variantes e a maneira como os fatos ocorrem (um pouco mais realistas do que os bang-bang rotineiros) prendem o interesse do espectador durante todo o filme, que acaba, assim, sendo, uma diversão muito boa e acima da média.  8,6