DRAGGED ACROSS CONCRETE
Geralmente olhamos o cartaz de um filme ou inadvertidamente lemos a sinopse e já temos mais ou menos uma ideia de como será. Neste caso, cabe esquecer de tudo isso! O filme não é nada daquilo que superficialmente aparenta ser. A aparência é de uma coleção de clichês, com criminosos e policiais se digladiando no submundo do crime, diálogos superficiais, situações banais e conhecidas, tudo já massificado e adequado para uma sessão da tarde, talvez sessão da noite pela violência. Puro engano. O curso do filme vai mostrar que nada disso se confirma, que aqui existe um roteiro forte e consistente, que a história é contada com mãos firmes do diretor – o americano S. Craig Zahler tem ótima bagagem cinematográfica, sendo também roteirista e músico -, explorando cada nuance do texto e a experiência e o carisma de Mel Gibson (excelente) para desenvolver algo de densidade inesperada. E com as ótimas atuações de Vince Vaughn, Tory Kittles e ainda a presença de Jennifer Carpenter. Um drama policial muito acima da média, violento, desenvolvido lenta, mas profundamente e carregado de realidade (atenção: é longa metragem, com pouco mais de 2h 30min). Exceto na sua parte final, pois, na minha opinião (pode ser que não seja a da maioria) o roteiro enfraquece nos momentos decisivos, apresentando inconsistências e concessões no comportamento de alguns personagens. Não é verossímil o que ocorre, tendo em vista o que houve até ali. É pelo menos o meu ponto de vista, mas esse fato não retira o grande mérito e a qualidade do filme no seu todo, que apresenta inúmeros momentos marcantes: como o discurso do personagem de Mel Gibson aos 50 minutos de filme, pungente e verdadeiro. Muito drama, suspense, ação mais na parte final e vários personagens, com diversos enfoques interessantes, algo imprescindível para os fãs do gênero. 8,8