CRIMES OCULTOS (CHILD 44)
Um filme anglo americano bem acima da média dentro do gênero, porque tem qualidade de roteiro (adaptado do primeiro livro de uma trilogia do britânico Tom Rob Smith), direção e elenco, fora fotografia, direção de arte, figurinos e trilha sonora. Um drama policial de suspense ambientado na Rússia – de Stalin e da polícia secreta – nas primeiras décadas do século XX, mas é como se passasse na Alemanha nazista, com o domínio da força bruta, do racismo, da insensatez e com o perigo rondando permanentemente. Mesmo começando com uma temática já interessante e personagens muito bem delineados, o filme acaba seguindo um outro tema, incidental, e que acaba sendo o foco principal de toda a ação: por isso o título do filme (original), que representa um numeral ordinal. Um filme muito bem construído, dirigido (Daniel Espinosa, de Protegendo o inimigo) e sobretudo interpretado, por um elenco tão famoso, quanto competente e que nos brinda com algumas atuações realmente espetaculares: Tom Hardy, Noomi Rapace, Gary Oldman, Joel Kinnaman, Vincent Cassel, Paddy Considine, Nicolaj Lie Kaas, entre outros. Uma frase importante e que consta já da introdução do filme: “não há assassinos no paraíso” (investigar homicídio não interessa ao Regime). Muitas cenas de mistério, suspense, que se acentuam na parte final, sendo também notável o realismo das lutas, com destaque para a cena no vagão. De negativo, achei apenas alguns furos no roteiro, envolvendo o personagem principal e sua vulnerabilidade e alguma continuidade, mas esses fatos diante do conjunto não justificam algumas críticas negativas e radicais que tem sido feitas. De resto, um fecho coerente e emotivo, resolvendo uma situação delicada pendente. 8,7