CORAÇÕES PULSANTES (L´AMOUR OUF – BEATING HEARTS)

Este filme concorreu no Festival de Cannes de 2024 e pequena parte da mídia declarou que esse fato foi absurdo, um dos críticos chegando a dizer que tal participação chegou a gerar constrangimento. Discordo frontalmente. Embora longe de ser uma obra prima ou de um filme daqueles que nos marcam para sempre, o filme tem “pedigree” e capacidade para gerar sentimentos e emoções de diversas ordens e até mesmo de permanecer na memória, por sua força e profundidade. É um drama francês que enfoca três épocas diferentes da vida dos personagens, dirigido com mão firme por Gilles Lellouche (muito conhecido como ator), a partir de um roteiro que ele co-escreveu, com base em um romance de 1997, de Neville Thompson. Os fatos de cada época e suas passagens são bem costurados e seguem uma linha lógica, permeada de elementos dramáticos com os quais ou nos identificamos ou que retratam a realidade que está à nossa volta ou em nosso conhecimento, misturando amor, ódio, brutalidade, destino e até mesmo poesia. Há interessantes diálogos e belas atuações de todo o elenco, com destaque para Adèle Exarchopoulos e François Civil: ela, Palma de Ouro em 2013, quando tinha apenas 20 anos, por La vie D`Adèle – a atriz mais nova a ser laureada – e uma das duas intérpretes de Azul é a cor mais quente; ele, com belas atuações em Bac Nord: sob pressão e O bom professor). O filme comove e choca, com ótimas fotografia e trilha sonora (que sensivelmente navega pelo tempo, com o tom adequado para cada ocasião). E alternando sem sobressaltos os momentos turbulentos com os de calmaria (sócio-familiares), de conflitos e violência com os de amor e ternura. Isso, depois de uma primeira cena bela e impactante, pelas imagens e pelas cores. Uma obra bem acabada e que nos leva à reflexão, sem esquecer das necessidades humanas e do coração. 8,9

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