AS HORAS (THE HOURS – 2002)

Drama tenso e denso, com a força das tragédias e que, à exceção da primeira e da última cena (inesquecíveis), contempla três épocas distintas: 1923, 1951 e 2001. Nos anos 20 a famosa escritora britânica Virgìnia Woolf vive nos arredores de Londres (em Richmond) e está escrevendo seu romance “Mrs Dalloway” – aqui Nicole Kidman, quase irreconhecível pela excelente maquiagem, brilha e conquista merecidamente um Oscar de Melhor atriz, também atuando Miranda Richardson; nos anos 50, temos as excelentes performances de Julianne Moore, Toni Collette e John C. Reilly; Juliane interpreta, com o grande talento que tem, uma dona de casa nos subúrbios da cidade de Los Angeles; e no início do século 21, ambientado em Nova Iorque, as atuações maravilhosas ficam a cargo da melhor atriz da história do cinema, Meryl Streep (que faz uma editora literária), muito bem acompanhada pelo fantástico Ed Harris e também por Claire Danes, Jeff Daniels e Allison Janney. Missão do espectador: descobrir as conexões existentes entre as épocas e os personagens. O filme é intenso e bastante perturbador nos seus vários contextos, sendo por isso recomendado para público adulto e que especialmente aprecia dramas realmente pesados: é, entretanto, uma obra extremamente bem acabada, com um elenco magnífico, roteiro excelente, assim como a marcante direção de Stephen Daldry (O leitor, Billy Elliot). Também se destaca – e muito – pela magnífica trilha sonora, que acompanha todas as nuances da história e nos deixa tensos e também emocionados em vários momentos. Embora esse mérito, a trilha que ganhou o Oscar de 2003 foi o de “Frida”. Mas foi um ano de grandes concorrentes, comoChicago (que ganhou como Melhor filme), “Gangues de Nova Iorque”, “O Senhor dos Anéis: duas torres”, “O pianista”, “Frida”, “Traffic” e “Adaptação”. De todo modo, o filme teve 9 indicações ao Oscar, incluindo as principais categorias, sendo nas de ator e atriz coadjuvante, nos nomes de Ed Harris e Julianne Moore, respectivamente. Um filme que nos inquieta, nos aflige, nos angustia com os dramas específicos de personagens das três épocas, as quais se intercalam de uma forma perfeita, graças também à notável edição. Em suma, um filme fascinante e maravilhosamente doloroso. 9,5

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