MEMÓRIAS DE UM MÁGICO (BLACK MAGIC)
Este filme está neste blog basicamente pelo que poderia ter sido e por algumas qualidades que mesmo assim apresenta. Produção de 1949 com o sempre impressionante Orson Welles (que 8 anos antes havia produzido e protagonizado o grande Cidadão Kane, mas aqui às vezes exagera nas expressões), tem como suas grandes qualidades o seu “clima”, o seu ritmo, o fascínio de seu tema e a sua imprevisibilidade. O mistério, o misticismo, a ficção, o suspense, tudo se mistura para impregnar o filme de magia. Entretanto, seu desenvolvimento é extremamente irregular, havendo bons momentos e outros em que simplesmente não existe o “fio da meada” e a história se fragmenta, fica meio perdida na continuidade e perde seu conjunto harmônico: fatos desfilam meio non sense, sem ordem, nem argumentos definidos. Talvez pelas dificuldades de adaptar um romance de Alexandre Dumas (que narra a história e é interpretado por Raymond Burr, que faria anos mais tarde a famosa série de TV Perry Mason), talvez por problemas com a própria direção e edição mesmo. O imprevisível do filme muitas vezes tem tudo a ver com os seus defeitos. O fato é que o filme é original, tem elementos que o destacam das produções da época, mas apresenta muitos problemas e que o comprometem, havendo algumas cenas mal feitas e interpretações excessivamente novelescas. A história narrada no século 19 sobre o famoso Cagliostro do século anterior, com a riqueza da escrita de Dumas e de todos os elementos disponíveis, certamente merecia um destino melhor e poderia ter rendido um filme magistral, o que realmente é uma pena, porque ficou insatisfatório, frustrante e muito longe disso. 7,5